domingo, 31 de janeiro de 2010

Avatar - O filme

Por Francisco Thiago

Sem muitas pretensões, guardei o domingo para dar uma saidinha com a namorada. Nossa opção era o cinema (somos pouco criativos) e os filme candidatos eram dois: 2012 e Avatar. Eu queria 2012 (queria ver o fim do mundo em 3D) ela queria Avatar... Fomos assistir Avatar.Comprei os Ingressos pela Ingresso.com. Apesar da taxa de conveniência, comprar pela internet é a melhor solução para quem não quer pegar fila e garantir o seu ingresso, apesar dos adolescentes tresloucados por "Crepúsculo" ou o próximo blockbuster adolescente. Aconselho!

Enfim, chegamos atrasados (eu estava comendo) mas não o suficiente para não compreender a história (ainda que os traillers já a tenham deixado o "mote" do filme bem claro). O filme é um show para os olhos. James Cameron (que não é uma das Panteras) gastou muito bem cada centavo do filme. O visual é mágico, os seres do planeta Pandora são de uma concepção artística muito bela e curiosa. É interessante notar traços da personalidade - e da aparência, no caso dos "avatares humanos" - pintados nos Na'vi, os nativos de Pandora.

O roteiro também é bem amarrado. Apesar de usar a clássica saga do herói - o cara "nada a ver" que se torna o The Chosen One - o filme está longe de ser piegas ou apelativo. Os detalhes da história estão bem amarrados e nada, no filme, surge do acaso (a não ser uma estação avançada que, ao meu ver, não tinha muita razão de ser). Enfim, o filme é lindo. E daqueles que compensa serem assistidos no Cinema - e em uma sala 3D. A propósito, assista dublado e bem próximo da tela. Não tenha medo da dublagem (que está ótima) e nem medo de ficar com o pescoço dolorido. Pode acreditar, você não vai querer ler legendas quando o monstro pular da tela pra cima de você... E tão pouco ser trazido ao mundo real graças a sua visão periférica.


A história
É inevitável falar que o filme tem sim um fundo ambientalista. Basicamente, os empresários e militares - aqueles malditos - estão querendo, a todo custo, um mineral muito caro que pode ser encontrado em abundância no Planeta Pandora e embaixo da colônia de um clã nativo. É enviado um "cabeça de prego" - o nosso messias - para aprender os costumes e tentar "negociar" uma mudança daqueles Na'vi. No processo, ele acaba aprendendo a filosofia dos Na'vi e se apaixonando. por Neytiri, a filha do chefe do clã. No final das contas, aquele que veio para roubar, matar e destruir, acaba se convertendo ao modo de vida dos Na'vi e os defendendo da maldita raça humana. Clichê. Mas muito bonito.

Referências
As referências - ou Easter Egg's, para os Nerds - estão presentes em toda a história. Detalhe que identifica o espectador e transforma o filme em uma deliciosa descoberta a cada "assistida". Começamos com o nome da raça. O nome Na'vi está bem próximo da palavra hebraica que é utilizada para definir "profeta". E verdadeiramente, eles tem algo para contar. De forma intrigante, eles fazem parte do futuro e do passado que o filme anuncia. Um planeta terra decadente que explora outros planetas e estrupa outras culturas. São seguidores de uma religião (por falta de palavra melhor) que tem Eywa como divindade principal. Segundo sua crença, a energia (vital) é emprestada a todos os seres vivos. E que, ao final da vida, esta energia é devolvida para Eywa. O relascionamento dos Na'vi com os seres vivos do planeta lembra, de certa forma, a filosofia budista e rasta também. A integração entre os seres vivos fica clara nas cenas onde Neytiri mata os cachorros selvagens e na forma como eles se conectam com os animais que montam. Até as longas madeixas tem um "porquê".
O nome do planeta também é uma referência externa interessante ao mito de Pandora. Sabe-se que Pandora portava uma caixa que em hipóteses alguma deveria ser aberta. CLARO que ela abriu e deixou escapar tudo o que havia de mal. Quando ela fechou a caixa, só conseguiu prender o que havia de bom. Seria o planeta Pandora "tudo de bom"?
A forma como os nativos se cumprimentam - Eu vejo dentro de você - de alguma forma me faz lembrar muito da forma Namastê utilizada pelos Indianos e também pelo cumprimento de algumas tribos africanas, que tem o mesmo conceito. O Deus que habita em mim é o mesmo Deus que habita em você. Eu conheço você!

Teria algo de Teologia Liberal neste filme?
É algo difícil de se afirmar, uma vez que o conceito de "Teologia Liberal" está bem gasto e já se cria um "senso comum" a respeito do termo. No entanto, ligações entre o que se chama de teologia liberal hoje são plausíveis.
A crença dos Na'vi - onde Eywa recebe de volta toda a energia utilizada pelos seres viventes - se encaixa muito com os conceitos criacionistas mais recentes.
Os cientistas que estão investigando o planeta Pandora, descobrem uma ligação entre todos os seres. Como se fosse um sistema neural muito sofisticado, todo o planeta estaria interligado através dessa rede. Os humanos e os outros animais se ligam a essa rede através de terminais presentes em seus cabelos. Eles se ligam a Eywa quando querem. Dessa forma, Eywa está em tudo e em todos. Seria isso uma sombra do PanEnTeísmo?
Uma última e forte observação. No final do filme, ao pé da Árvore sagrada, acontece um ritual onde Jake Sully - o "messias cabeça de prego" - é transportado de modo definitivo para o seu avatar. Creio que a ligação é clara. Jake Sully está se convertendo em um Na'vi. Ao passar definitivamente para o corpo do seu Avatar ele transforma-se numa nova criatura de fato. A transformação e o discipulado dos Na'vi acaba sendo melhor que o de muitas igrejas, já que Jake Sully não é motivado a fazer o que faz por conta de leis e proibições. Ele faz por conta da sua própria consciência.
Pra sorte dele, os Na'vi não acreditam em jugo desigual. Deu pra ele conhecer a Neyriti no sentido bíblico da coisa.

Palavra final
Assistam ao filme. E depois me contem o que acharam!

Abraços do Amado

*Imagens extraídas do site Cinema em Casa e de pesquisa no Google Imagens.

Fonte: http://projeto5.blogspot.com/2009/12/avatar.html

Um comentário:

  1. Nunca pensei que teria de assistir esse filme, mas acabei tendo que assistir para um trabalho de filosofia, e esse post me ajudou bastante. Valeu e parabéns pela postagem, ficou muito boa.

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