terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Deixei de ser evangelico para me tornar cristão

Evangélico ou Cristão?

“…Porque eu não me envergonho do evangelho… mas, de ser evangélico” Romanos 1:16 (paráfrase do autor)

Hoje, após anos caminhando no meio do cristianismo e sendo tratado como “evangélico”; depois de sofrer com o descaso e com a sujeira que se instalou no meio religioso; diante da exploração imoral da fé e de pessoas; das decepções que acumulei nestes últimos tempos com a igreja, tomei uma decisão importante para a minha vida espiritual. Para tanto me debrucei sobre a Bíblia e criteriosamente analisei todos os fundamentos que definem o comportamento de alguém efetivamente comprometido com os ensinos de Jesus. Li com exaustão Atos dos Apóstolos para só depois tomar a decisão que achei a mais sensata diante do quadro que se instalou no meio religioso. Assim, deixei de ser mais um “evangélico” e decidi ser “cristão assumido”.

Você pode estar pensando que é tudo a mesma coisa, que não há qualquer diferença nas duas expressões, mas apesar de se assemelharem, definitivamente não há como serem associadas. Não da forma como pregam por aí nos transatlânticos da fé ancorados em quase todas as esquinas das cidades ou nos supermercados religiosos que vivem abarrotados de pessoas à procura de novidades. Aliás, vale salientar que os discípulos foram, em Antioquia, reconhecidos como “cristãos” e não como “evangélicos”. – Atos 11:26

Você pode estar me chamando de maluco ou desinformado; pode estar me considerando um herege; um rebelde frustrado, mas diga-me, quem são os “evangélicos” hoje? Que atributos credenciam alguém ao titulo de ser “evangélico”? Sugiro que você, antes de um prejulgamento contra a minha pessoa, faça uma lista contendo um nome de expressão no Brasil, no seu estado e em sua cidade, de alguém que você considera evangélico, pessoas que estejam ligadas à política, meio empresarial, educação, saúde ou órgão do governo.

Não vou exigir muito, estes me servirão como base para a minha tese. Vamos continuar o exercício, agora me diga, dos nomes que você listou, em qual desses setores você pode dizer com todas as palavras que “põe a mão no fogo” pelos indicados? Para qual dos escolhidos você seria capaz de ir aos tribunais defendê-lo na sua conduta como “evangélico”? Se a lista fosse minha, nenhum! E olha que não estou sendo radical, apenas sincero. É isto mesmo, a banalização do evangelho com práticas construídas sobre interesses denominacionais e não sob as ordenanças Divinas me dão sustentação suficiente para fundamentar os meus argumentos e a minha defesa. Cansei de ver raposa tomando conta de galinheiro.

Obviamente que existe ainda um grupo de pessoas com boas intenções, gente que de alguma forma busca viver o que prega, que ainda acreditam na propagação do evangelho como único instrumento capaz de satisfazer aos anseios do coração e da alma do homem. Louvo a Deus por estes que ainda resistem bravamente às investidas de satanás contra a igreja de Cristo e espero que não desistam de seus objetivos.

Já ao final de seu ministério, Charles Spurgeon* escreveu uma série de artigos intitulados “O Declínio” onde ele estava advertindo a igreja de seus dias, lá no passado, quanto ao fato de que o cristianismo estava em declínio e, o que era pior, o ímpeto de descida parecia estar vencendo todas as tentativas de conter esta decadência. Os líderes cristãos estavam se tornando mundanos, espiritualmente frios e tolerantes aos erros doutrinários. Isso acontecia em tal nível que Spurgeon tinha receios de que a igreja perderia completamente o seu testemunho. Infelizmente, a previsão de Spurgeon se tornou em realidade insofismável hoje.

Lamentavelmente o que vemos é muito mais gente que usa do titulo de “evangélico” para se esconder, para se auto-promoverem, para ganharem um bom dinheiro, contrariando com comportamentos condenáveis o que na verdade significa ser “evangélico”. O rotulo, mesmo falsificado, neste caso enseja confiança aos desavisados. Para onde foram os bons costumes? Onde está o senso de moral? O mundo encontra-se hoje numa situação vergonhosa e desesperadora, no entanto, os seus habitantes não têm vergonha do que fazem ou dizem e muitos encontraram na religião um lugar seguro para agirem sem serem incomodados.

Me envergonho do evangelho ao ligar a televisão e ver homens inescrupulosos negociando com a fé das pessoas; ao saber que na frente das telas da TV há muitos pobres evangélicos aprovando e até contribuindo com tudo que é mostrado ali; ao ver o comércio da fé sendo explorado livremente nas igrejas eletrônicas onde vende-se de tudo; ao ver a religião evangélica fazendo parcerias indissolúveis com o inimigo; ao ver líderes atrelados, andando de mãos dadas com o diabo na maior naturalidade. Me envergonho ao ver homens mudando a verdade de Deus em mentiras, honrando e servindo mais a criatura do que ao Criador; Quanto dinheiro jogado fora nas fossas podres da religiosidade permissiva, nociva à sociedade e à vida espiritual. Quanta vergonha! Vergonha acompanhada por um misto de indignação e revolta, pois mesmo com todo o meu protesto e o meu esforço, percebo que a coisa caminha para o retrocesso rumo a um abismo espiritual intransponível.

Me cansei de carregar na testa o rotulo de evangélico. São todos iguais, afirmam as pessoas, colocando todo mundo num mesmo patamar, misturando joio e trigo em um só saco. Justos e pecadores, sérios ou não, todos sem distinção estão, pelas palavras da sociedade comungando comportamentos religiosos semelhantes. Os “evangélicos” lamentavelmente são os que mais enganam, os que faltam com a honra da palavra, os que difamam, subjugam pessoas, envolvem-se em escândalos espreitam a derrota, inclusive, dos próprios “irmãos da igreja”; são os que mais se divorciam segundo dados, os que mais sabem apontar o indicador de condenação, os que matam o amor pregando o amor. Cansei-me dos chavões, dos sermões e palavras construídas sob encomenda, pois de nada adianta falar do amor de Deus enquanto pessoas, do lado de fora dos templos, estão sem entender o barulho que se faz lá dentro.

Do outro lado o que vemos, no entanto, são pessoas simples dividindo o pouco que têm, com seus semelhantes sem ter nenhuma denominação religiosa por trás, enquanto muita gente que diz ser “servo de Deus”, e até se orgulham disto, com tudo que precisam e mais alguma coisa; com todos os pressupostos de felicidade à disposição, gente de triunfo, de sucesso, que pouco ou nada fazem, mesmo tendo muito mais do que precisam para viverem uma vida tranqüila.

Ser “evangélico” está na moda, ser “cristão” não. O primeiro é bonito, é moderno, é diferente, é místico, é favorável e em alguns casos dá status. O segundo pelo contrário não atrai pelas exigências de fidelidade e comprometimento sincero com princípios que poucos estão dispostos a arcarem com o peso que eles colocam sobre os ombros. Basta só dar uma espiadinha na lista de artistas, de jogadores e de políticos que se declaram “evangélicos” todos os dias… Ter um destes no rol de freqüentadores da igreja pode render bons lucros. Quanta hipocrisia! Quanta enganação!

Por tudo que relatei acima tomei a decisão de abandonar a fachada de “evangélico” para ser apenas “cristão”. Decidi viver bem com Deus, sem, no entanto, fazer propósitos irracionais, sem viver na alienação dos temores, sem ser forçado à obediência a líderes que intimidam e não pregam o evangelho. Decidi ser mais espiritual, mais humano, mais emocional, mais racional, mais sensível. Decidi ainda a abandonar a religiosidade vazia fundamentada em formas e resolvi correr atrás de conteúdo, algo que preencha todos os vazios do meu coração e da minha alma. Quero ser cheio de compaixão, exprimir amor na sua profundidade e na sua extensão, quero entender o sofrimento alheio. Quero, simplesmente, ser “cristão”.

* – Charles Haddon Spurgeon, foi um pastor batista britânico, que morreu em 1892.

Extraido do site solomon1.com

Autor: Carlos Roberto Martins de Souza

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Um bate-papo com C.S. Lewis

Por Daniel Grubba

Resolvi trocar umas idéias com C.S. Lewis (1898 – 1963). É isso mesmo. Estou curioso para saber o que este gigante da fé cristã pensa sobre Teologia e espiritualidade.


****

Provavelmente você deve estar achando muito estranho alguém em 2009 entrevistar o “mais relutantes dos convertidos”* postumamente, não é mesmo? Você deve estar se perguntando: Será que o Daniel consultou o espírito de Lewis através da necromancia?

Na verdade queridos leitores, eu elaborei as perguntas, e as palavras registradas em dois de seus livros me responderam com exatidão (Cristianismo puro e simples, p.203-206 e na última pergunta consultei Peso de gloria, p. 61,62). Foi deste modo, bem simples.

* Devo lhes dizer que todas as respostas de Lewis foram retiradas integralmente dos livros citados, sem qualquer tipo de acréscimo ou recurso literário de minha parte.

****Bate-papo com Lewis****

Porque você resolveu falar sobre Teologia em plena 2º guerra mundial para o leitor comum?

Todos me aconselharam a não lhes dizer o que vou dizer (...) Afirmam: “O leitor comum não quer saber de Teologia; dê-lhes somente a religião simples e prática.” Rejeitei o conselho. Não acho que o leitor comum seja um tolo.

Você realmente acredita que Teologia é importante para o leitor comum? E como você define Teologia?


Teologia significa “a Ciência de Deus”, e creio que todo homem que pensa sobre Deus gostaria de ter sobre ele a noção mais clara e mais precisa possível. Vocês não são crianças: porque, então, lhes tratar como tal?

Lewis, nós estudantes, ouvimos exaustivamente que Teologia é “letra que mata”, desnecessária para o crescimento saudável da fé, e que o mais importante é a experiência real com Deus. Você também acredita que as experiências com Deus são suficientes e muito mais proveitosas?


Em certo sentido, até compreendo por que algumas pessoas se sentem desconsertadas ou até incomodadas pela Teologia. Lembro-me de certa ocasião em que dava uma palestra para os pilotos da R.A.F. e um oficial velho e rijo levantou-se e disse: “Nada disso tem serventia para mim. Mas saiba que também sou um homem religioso. Sei que existe um Deus. Sozinho no deserto, a noite, já senti a presença dele: o tremendo mistério. Para qualquer um que tenha conhecido a realidade, todos eles (doutrina, dogmas e fórmulas) parecem mesquinhos, pedantes e irreais”. Ora, num certo sentido, até concordo com esse homem.

Quer dizer que o senhor concorda com o que este oficial lhe disse? Explique-nos melhor.

Creio que ele provavelmente teve uma experiência real com Deus no deserto. Quando se voltou da experiência para a doutrina cristã, acho que realmente passou de algo real para algo menos real. Da mesma maneira, um homem que já viu o Atlântico da praia e depois olha um mapa do Atlântico também está trocando a cosia real pela menos real: troca as ondas de verdade por um pedaço de papel colorido.

Bom Lewis, se for assim então, qual é a necessidade de estudarmos Teologia? Quem em sã consciência irá trocar as ondas de verdade (experiência real), por um pedaço de papel colorido (Teologia)?

Mas é exatamente essa a questão. Admito que o mapa (Teologia) não passa de uma folha de papel colorido.

****Intervalo para o chá****


Em off para Lewis: nós o convidamos para nos ajudar a defender a importância da Teologia. O senhor não percebe que está nos constrangendo publicamente? Deveríamos ter chamado Francis Schaeffer. Você precisa se esforçar para nos explicar melhor seu ponto de vista como um teólogo que já vendeu mais de 200 milhões de livros em mais de 30 línguas diferentes.

****Retomando a entrevista****

O senhor pode nos explicar melhor o que você quer dizer quando se refere a Teologia como um mapa colorido de papel?


O mapa não passa de uma folha de papel. Mas há duas coisas que devemos lembrar a seu respeito. Em primeiro lugar, ele se baseia nas experiências de centenas ou milhares de pessoas que navegaram pelas águas do verdadeiro oceano. Dessa forma, tem por trás de si uma massa de informações tão reais quanto se pode ter da beira da praia; com a diferença que, enquanto a sua (experiência) é um único relance, o mapa abarca e colige todas as experiências de diversas pessoas. Em segundo lugar, se você quer ir para algum lugar, o mapa é absolutamente necessário.

O que é então mais importante de acordo com seu ponto de vista: experiência ou teologia?


Enquanto você se contentar com caminhadas à beira da praia, seus vislumbres serão mais divertidos que o exame do mapa; mas o mapa será de mais valia que uma caminhada pela praia se você quiser ir para um lugar distante. A teologia é como um mapa. O simples ato de aprender e pensar sobre doutrinas cristãs, é sem dúvida menos real e menos instigante que o tipo de experiência que meu amigo teve no deserto. As doutrinas não são Deus, são como um mapa. Esse mapa, porem, é baseado nas experiências de centenas de pessoas que realmente tiveram contato com Deus (...) Além disso se você quiser progredir, precisará desse mapa.

Parece-nos que o senhor está afirmando que para o verdadeiro progresso na fé, o indispensável é o mapa e não a experiência. É isso mesmo?

Note que o que aconteceu com aquele homem no deserto pode ter isso real e certamente foi emocionante, mas não deu em nada. Não levou a lugar nenhum. Não há nada que possamos fazer.

Porque então é que as pessoas superlotam os lugares que prometem experiências concretas com Deus; e nossas escolas dominicais e reuniões de estudos bíblicos, estão sempre vazias?

Na verdade, é justamente por isso que uma religiosidade vaga – sentir Deus na natureza e assim por diante – é tão atraente. Ela é toda baseada em sensações e não dá trabalho algum: é como mirar as ondas da praia.

Isto não quer dizer que as experiências não sejam importantes, não é mesmo? Acontece Lewis, que tem uns teólogos por ai que colocam Jesus na Torre de Marfim das academias filosóficas e desejam aniquilar a possibilidade do contato pessoal com o divino.

Também não chegaremos a lugar algum, se ficar examinando os mapas sem fazer-se ao mar. E, se fizer-se ao mar sem um mapa, não estará seguro.

É muito importante ressaltar isso que o senhor acabou de falar. Tanto o mergulho no mar, quanto o mapa são importantes. Assim como você, também somos a favor deste equilíbrio. No entanto Lewis parece-nos que hoje em dia, somente a experiência tem valor. Sofremos muito preconceito por dedicarmos nosso tempo ao estudo teológico. Qual é, portanto, a importância da Teologia hoje em dia?

A Teologia é uma questão pratica, especialmente hoje em dia. No passado, quando havia menos instrução formal e menos discussões, talvez fosse possível passar com algumas poucas idéias simples sobre Deus. Hoje não é mais assim. Todo mundo lê, todo mundo presta atenção a discussões. Consequentemente, se você não der atenção à Teologia, isso não significa que não terá idéia alguma sobre Deus. Significa que terá, isto sim, uma porção de idéias erradas – idéias más, confusas, obsoletas.

Poxa Lewis. É exatamente isto que tem acontecido no Brasil. A falta da Teologia está levando a igreja a adotar idéias e praticas absolutamente estranhas a Revelação bíblica. O que você tem a dizer para estes que são os responsáveis por introduzir elementos anômalos ao seio da igreja evangélica nacional?

A imensa maioria das idéias que são disseminadas como novidades hoje em dia são as que os verdadeiros teólogos testaram vários séculos atrás e rejeitaram.

O que podemos fazer? Você acha importante o ministério apologético?

Ser ignorantes e simples agora - não estar aptos para enfrentar os inimigos em seu próprio campo - seria abrir mão de nossas armas e trair nossos irmãos sem formação acadêmica, que, abaixo de Deus, não ter nenhuma defesa contra os ataques intelectuais dos pagãos, a não ser a defesa que lhes podemos oferecer. (O peso de gloria, p. 61-62)

Obrigado Lewis, o senhor tem nos ajudado bastante em nosso crescimento espiritual.


***
Fonte: http://www.pulpitocristao.com/2009/08/um-bate-papo-com-cs-lewis.html

Autor: Esse texto é de autoria de Daniel Grubba, editor do Soli Deo Gloria
Não deixe de acessar: http://dlgrubba.blogspot.com/

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

C.S. Lewis

"Antes de me tornar cristão, acho que eu não entendia completamente o fato inevitável de que a vida de alguém, depois da conversão, consistir em fazer a maior parte das mesmas coisas que fazia antes, agora com o novo espírito – espera-se -, mas ainda as mesmas coisas. [...]

A exigência divina é infinita e inexorável. Podemos recusá-la ou podemos começar tentar cumpri-la. Não há meio termo. Contudo, apesar disso, é claro que o Cristianismo não exclui nenhuma das atividades humanas ordinárias. O apóstolo Paulo manda que seus leitores continuem cumprindo as suas tarefas. Ele até presume que os cristãos vão a festas e, além do mais, festas pagãs. Nosso Senhor vai a uma festa de casamento e oferece um vinho miraculoso. [...]

Todas as nossas atividades meramente naturais serão aceitas se forem oferecidas a Deus, mesmo as mais humildes, e todas elas, mesmo as mais nobres, serão pecaminosas se não forem oferecidas a Deus. [...]

Não existe nenhum conflito essencial entre a vida espiritual e as atividades humanas como tais. Desse modo, a onipresença da obediência a Deus na vida cristã é, de certa forma, análoga á onipresença de Deus no espaço. Deus não preenche o espaço como um corpo o preenche, no sentido de que partes dele estejam em diferentes partes do espaço, excluindo outros objetos desse espaço. Contudo, Ele está em toda parte – totalmente presente em todos os pontos do espaço – de acordo com os bons teólogos."

LEWIS, C.S. O peso de Glória. São Paulo: Editora Vida, 2008.p.55,57,58.

sábado, 7 de novembro de 2009

Os pecados capitais dos pastores evangélicos

1. - Soberba - O que tem de pastor soberbo por aí, só mesmo vendo para acreditar. Muitos deles se acham melhores e mais santos do que os outros, sem atentar ao fato de que foram salvos exclusivamente pela GRAÇA e MISERICÓRDIA de Deus, sem que nada merecessem, a não ser condenação e inferno. Que eles jamais se considerem melhores do que os crentes e incrédulos, devendo amá-los, respeitá-los, pregar-lhes o Evangelho bíblico e orar por eles, a fim de provar que realmente os amam. Vamos ler Romanos 14:10: “Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo”; 14:12: “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus”.

2. - Avareza - Este é o pecado mais encontrado nos “pentecapastors”, os quais fazem da avareza (que é idolatria) o seu pecado especial. Eles pregam o Evangelho não por amor às almas perdidas, mas visando lucros financeiros, para encher suas contas bancárias e construir templos suntuosos, a fim de mostrar aos seus confrades que sua igreja é MAIOR e MAIS BONITA do que a deles. O fenômeno (católico/pagão) do crescimento de igrejas começou nos Estados Unidos e tem se espalhado por todo o Ocidente, onde o clero se tornou mundano e avarento, em busca de fama, riqueza e poder eclesiástico (Lucas 12:15; Colossenses 3:5; 2 Pedro 2:3, etc.). Essa febre foi espalhada por um herege/budista dono de uma mega-igreja, o coreano David Yongi Cho. Ela infectou os americanos e, hoje em dia, alguns homens como Rick Warren e Robert Schüller exibem mega-igrejas com milhares de “convencidos” da salvação (Mateus 7:21-23). E os macacos nacionais seguem atrás deles...

3. - Luxúria - Antigamente os pastores evangélicos se destacavam pela sua honestidade e fidelidade no leito conjugal e no lar, “governando bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia”, conforme o mandamento da I Timóteo 3:4. Hoje os escândalos envolvendo pastores famosos explodem em todos os países, à medida que cresce o número de mega-igrejas. Muitos pastores que ficam famosos na TV são logo tentados por alguma ovelha sedenta de atenção e carinho e acabam caindo no pecado da luxúria, no adultério e até mesmo no homossexualismo. (1 Coríntios 6:18; 10:8; Gálatas 6:19; Apocalipse 21:8, etc.)

4. - Ira - Este é um pecado muito comum nos “pentecapastors“ e nos “avivados”, quando os gazofilácios de suas igrejas não ficam recheados de notas, após os cultos em que eles pregam, desavergonhadamente, Malaquias 3. Eles sempre exigem dízimos e ofertas (com até cheques pré-datados) das ovelhas incautas, as quais, acreditando em receber bênçãos à custa de sua generosidade, vão dando o que têm e o que não têm a esses “ministros do anjo de luz”, que desonram a igreja do Senhor (Efésios 4:26; Tiago 1:19; Mateus 5:22, etc.).

5. - Gula - Este é um dos pecados mais acariciados pelos pastores modernos. Quem já ouviu algum pastor pregar contra o grave pecado da GULA? Eu nunca ouvi. Eles ficam exigindo que suas ovelhas jejuem, mas eles mesmos comem tanto que acabam ficando gordos e flácidos, pelo excesso de arroz, feijão, macarrão, maionese, farofa, carne, doces, etc. Meu marido (um Químico alemão especialista em alimentos) costumava dizer que cada 10 gramas de alimento ingerido - além do que o organismo carece - se transforma em gordura, sobrecarregando o fígado e, nesse caso, engordando o pastor guloso, afetando-lhe a saúde e tornando-o preguiçoso no desempenho dos seus deveres eclesiásticos. É difícil encontrar um pastor que não seja obeso, pois enquanto esses “anjos da igreja” pregam nos púlpitos, muitas vezes estão ansiando pelo término do culto, a fim de irem para casa e encherem seus ventres de carboidratos, gordura e doces (Gálatas 5:21).

6. - Inveja - O que existe de pastor invejoso por aí nem se pode contar. Eles têm inveja dos incrédulos, quando os vêm enchendo as casas lotéricas em busca de fortuna fácil. Invejam-nos, quando os vêem diante de uma garrafa de cerveja nos bares, e também quando os vêem acompanhados de alguma mulher bonita e elegante, usando maquilagem e adereços da moda, pois muitos têm esposas mal amanhadas, principalmente aqueles “pentecas”, em cujas denominações as mulheres têm de usar saias e cabelos compridos, a fim de mostrarem uma piedade que nunca possuem (Tiago 4:2).

7. - Preguiça - Existe uma classe mais preguiçosa do que a dos pastores evangélicos? Primeiro, não exercem um emprego secular com a desculpa de se dedicarem exclusivamente ao “serviço de Deus” e aos assuntos da igreja. Contudo, esses mandriões dormem até altas horas do dia, ficam horas perdidas diante dos aparelhos de TV, ou fofocando com os confrades, e quase não lêem a Bíblia, a não ser em busca de alguns versos (em geral do Velho Testamento), para os transformarem numa pregação medíocre. Segundo, dificilmente esses pastores visitam uma ovelha carente ou enferma e nunca ajudam suas esposas nos afazeres domésticos, pois, em geral, são machistas demais e suas esposas se matam de trabalhar, em casa e na igreja, se não tiverem uma boa empregada (Provérbios 6:9; 15:19; Isaías 56:10, etc.).

Bem, meus leitores, mostrei apenas os pecados capitais da classe pastoral. Mas existem dezenas de outros pecados cometidos pelos pastores folgados e, a quem quiser descobri-los, aconselho a leitura do Livro de Provérbios e das Epístolas de Paulo, para depois comparar o desempenho do “anjo” de sua igreja e ver como ele se comporta em relação aos ensinos da Palavra de Deus.

Além desses pecados capitais, alguns desses “ungidos do Senhor” costumam praticar outros, como: mentira, covardia, ciúme, facção, bajulação... e por aí a fora.

Alguém vai ler estas “mal traçadas” críticas e se indagar: “Mary não tem medo de ser excluída da igreja por causa desse artigo?” Respondo: Primeiro, acredito piamente na 2 Timóteo 1:7. Segundo, o pastor da igreja que eu freqüento não se enquadra em nenhum desses pecados capitais, pois é um bom pai de família, é humilde, não é ambicioso, não é guloso, é um estudioso da Palavra, é um bom pregador e vive lendo muitos autores evangélicos. Por isso ele vai ler este artigo, vai esboçar um sorriso maroto e pensar: “Essa velhinha é louca de pedra!” E não tomará qualquer atitude contra mim, porque sempre fica na dele, até mesmo quando lhe faço alguma crítica direta e contundente! Por isso é que eu o respeito muito!

Mary Schultze, Primeira Igreja Batista de Teresópolis, RJ.
Fonte: http://www.maryschultze.com/news.php?readmore=135

sábado, 24 de outubro de 2009

Paradoxo do Nosso Tempo - George Carlin

Nós bebemos demais, gastamos sem critérios. Dirigimos
rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde,
acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV
demais e raramente estamos com Deus.

Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores.

Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos
freqüentemente.

Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos
à nossa vida e não vida aos nossos anos.

Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a
rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas
não o nosso próprio.

Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.

Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo,
mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos
menos; planejamos mais, mas realizamos menos.

Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.

Construímos mais computadores para armazenar mais
informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos
comunicamos cada vez menos.

Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta;
do homem grande, de caráter pequeno; lucros acentuados e
relações vazias.

Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas
chiques e lares despedaçados.

Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral
descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das
pílulas 'mágicas'.

Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na
dispensa.

Uma era que leva essa carta a você, e uma era que te
permite dividir essa reflexão ou simplesmente clicar
'delete'.

Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas
não estarão aqui para sempre.

Lembre-se dar um abraço carinhoso em seus pais, num amigo,
pois não lhe custa um centavo sequer.

Lembre-se de dizer 'eu te amo' à sua companheira(o)
e às pessoas que ama, mas, em primeiro lugar, se ame...
se ame muito.

Um beijo e um abraço curam a dor,
quando vêm de lá de dentro.

Por isso, valorize sua familia e as pessoas que estão ao
seu lado, sempre.

domingo, 20 de setembro de 2009

Jesus e os cambistas

"Jesus expulsou os cambistas do templo. Será que também não expulsaria os pregadores que arrancam o dinheiro do povo usando programas de televisão? Será que também não gritaria de raiva, vendo os cristãos utilizando, sem pensar, técnicas de propaganda para vender livros, fitas, camisetas?"
John White, Comunidade Vineyard, Vancouver, Canada.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

indulgências x prosperidade

"Na Idade Média, os cristãos davam dinheiro para a igreja com o intuito de irem para o céu. Hoje, os cristãos dão dinheiro para a igreja para conseguirem um carro melhor, uma casa melhor..."

Ninguém aqui está defendendo as indulgências, mas pelo menos o motivo era mais nobre.

Creditos: Nani e a Teologia

segunda-feira, 13 de julho de 2009

No inicio era Igreja

“No início, a Igreja era um grupo de homens centrados no Cristo vivo. Então, a Igreja chegou à Grécia e tornou-se uma filosofia. Depois chegou a Roma e tornou-se uma instituição. Em seguida, à Europa e tornou-se uma cultura. E, finalmente, chegou à América e tornou-se um negócio” - Ricardo C. Halverso citado por Pe. Inácio José de Val (Professor de História da Igreja)

sábado, 4 de julho de 2009

Trecho de um livro

"Sociologicamente, o cristianismo caracterizou-se por definir suas origens em torno das doutrinas sobre Jesus Cristo. O protestantismo remetia-se ao mesmo fato fundador através da Bíblia. Já no pentecostalismo, opera-se uma mudança radical na referencia ao fato fundador. O acontecimento de Pentecostes ocupa lugar fundamental, e as doutrinas em torno de Jesus Cristo são relegadas. Os pentecostalismos contemporâneos representam uma radicalização desse distanciamento das religiões cristãs."

Paulo B. Rivera. Tradição, transmissão e emoção religiosa, p. 234.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Frase para reflexão

"O homem pós-moderno não é religioso, mas emocional. As pessoas estão, em sua maioria, arrebentadas afetivamente. Portanto, ai da igreja que não atender a uma demanda afetiva dessa"

Manchete, 26 de outubro de 1996, p.44.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

“Há abusos em nome de Deus” - Jornalista relata os danos do assédio espiritual cometido por líderes evangélicos

A igreja evangélica está doente e precisa de uma reforma. Os pastores se tornaram intermediários entre Deus e os homens e cometem abusos emocionais apoiados em textos bíblicos. Essas são algumas das afirmações polêmicas da jornalista Marília de Camargo César em seu livro de estreia, Feridos em nome de Deus (editora Mundo Cristão), que será lançado no dia 30. Marília é evangélica e resolveu escrever depois de testemunhar algumas experiências religiosas com amigos de sua antiga congregação.

Entrevista concedida por Marília de Camargo César a Revista Epoca de 29/06/09, Edição nº 580.

ÉPOCA – Por que você resolveu abordar esse tema?
Marília de Camargo César – Eu parti de uma experiência pessoal, de uma igreja que frequentei durante dez anos. Eu não fui ferida por nenhum pastor, e esse livro não é nenhuma tentativa de um ato heroico, de denúncia. É um alerta, porque eu vi o estado em que ficaram meus amigos que conviviam com certa liderança. Isso me incomodou muito e eu queria entender o que tinha dado errado. Não quero que haja generalizações, porque há bons pastores e boas igrejas. Mas as pessoas que se envolvem em experiências de abusos religiosos ficam marcadas profundamente.

ÉPOCA – O que você considera abuso religioso?
Marília – Meu livro é sobre abusos emocionais que acontecem na esteira do crescimento acelerado da população de evangélicos no Brasil. É a intromissão radical do pastor na vida das pessoas. Um exemplo: uma missionária que apanha do marido sistematicamente e vai parar no hospital. Quando ela procura um pastor para se aconselhar, ele diz: “Minha filha, você deve estar fazendo alguma coisa errada, é por isso que o teu marido está se sentindo diminuído e por isso ele está te batendo. Você tem de se submeter a ele, porque biblicamente a mulher tem de se submeter ao cabeça da casa”. Então, essa mulher pede um conselho e o pastor acaba pisando mais nela ainda. E usa a Bíblia para isso. Esse é um tipo de abuso que não está apenas na igreja pentecostal ou neopentecostal, como dizem. É um caso da Igreja Batista, que tem melhor reputação.

ÉPOCA – Seu livro questiona a autoridade pastoral. Por quê?
Marília – As igrejas que estão surgindo, as neopentecostais (não as históricas, como a presbiteriana, a batista, a metodista), que pregam a teologia da prosperidade, estão retomando a figura do “ungido de Deus”. É a figura do profeta, do sacerdote, que existia no Antigo Testamento. No Novo Testamento, Jesus Cristo é o único mediador. Mas o pastor dessas igrejas mais novas está se tornando o mediador. Para todos os detalhes de sua vida, você precisa dele. Se você recebe uma oferta de emprego, o pastor pode dizer se deve ou não aceitá-la. Se estiver paquerando alguém, vai dizer se deve ou não namorar com aquela pessoa. O pastor, em vez de ensinar a desenvolver a espiritualidade, determina se aquele homem ou aquela mulher é a pessoa de sua vida. E ele está gostando de mandar na vida dos outros, uma atitude que abre um terreno amplo para o abuso.

ÉPOCA – Você afirma que não é só culpa do pastor.
Marília – Assim como existe a onipotência pastoral, existe a infantilidade emocional do rebanho. A grande crítica de Freud em relação à religião era essa. Ele dizia que a religião infantiliza as pessoas, porque você está sempre transferindo suas decisões de adulto, que são difíceis, para a figura do pai ou da mãe, substituí­dos pelo pastor e pela pastora. O pastor virou um oráculo. Assim é mais fácil ter alguém, um bode expiatório, para culpar pelas decisões erradas.

ÉPOCA – Quais são os grandes males espirituais que você testemunhou?
Marília – Eu vi casamentos se desfazer, porque se mantinham em bases ilusórias. Vi também pessoas dizendo que fazer terapia é coisa do diabo. Há pastores que afirmam que a terapia fortalece a alma e a alma tem de ser fraca; o espírito é que tem de ser forte. E dizem isso apoiados em textos bíblicos. Afirmam que as emoções têm de ser abafadas e apenas o espírito ser fortalecido. E o que acontece com uma teologia dessas? Psicoses potenciais na vida das pessoas que ficam abafando as emoções. As pessoas que aprenderam essa teologia e não tiveram senso crítico para combatê-la ficaram muito mal. Conheci um rapaz com muitos problemas de depressão e de autoestima que encontrou na igreja um ambiente acolhedor. Ele dizia ter ressuscitado emocionalmente. Só que, com o passar dos anos, o pastor se apoderou dele.

ÉPOCA – Qual foi a história que mais a impressionou?
Marília – Uma das histórias que mais me tocaram foi a de uma jovem que tem uma doença degenerativa grave. Em uma igreja, ela ouviu que estava curada e que, caso se sentisse doente, era porque não tinha fé suficiente em Deus. Essa moça largou os remédios que eram importantíssimos no tratamento para retardar os efeitos da miastenia grave (doença autoimune que acarreta fraqueza muscular). O médico dela ficou muito bravo, mas ela peitou o médico e chegou a perder os movimentos das pernas. Ela só melhorou depois de fazer terapia. Entendeu que não precisava se livrar da doença para ser uma boa pessoa.

“O pastor está gostando de mandar na vida dos outros
e receber presentes. Isso abre espaço para os abusos”

ÉPOCA – Por que demora tanto tempo para a pessoa perceber que está sendo vítima?
Marília – Os abusos não acontecem da noite para o dia. No primeiro momento, o fiel idealiza a figura do líder como alguém maduro, bem preparado. É aquilo que fazemos quando estamos apaixonados: não vemos os defeitos. O pastor vai ganhando a confiança dele num crescendo. Esse líder, que acredita que Deus o usa para mandar recados para sua congregação, passa a ser uma referência na vida da pessoa. O fiel, por sua vez, sente uma grande gratidão por aquele que o ajudou a mudar sua vida para melhor. Ele quer abençoar o líder porque largou as drogas, ou parou de beber, ou parou de bater na mulher ou porque arrumou um emprego. E começa a dar presentes de acordo com suas posses. Se for um grande empresário, ele dá um carro importado para o pastor. Isso eu vi acontecer várias vezes. O pastor gosta de receber esses presentes. É quando a relação se contamina, se torna promíscua. E o pastor usa a Bíblia para legitimar essas práticas.

ÉPOCA – Você afirma que muitos dos pastores não agem por má-fé, mas por uma visão messiânica...
Marília – É uma visão messiânica para com seu rebanho. Lutero (teólogo alemão responsável pela reforma protestante no século XVI) deve estar dando voltas na tumba. O pastor evangélico virou um papa, a figura mais criticada pelos protestantes, porque não erra. Não existe essa figura, porque somos todos errantes, seres faltantes, como já dizia Freud. Pastor é gente. Mas é esse pastor messiânico que está crescendo no evangelismo. A reforma de Lutero veio para acabar com a figura intermediária e a partir dela veio a doutrina do sacerdócio universal. Todos têm acesso a Deus. Uma das fontes do livro disse que precisamos de uma nova reforma, e eu concordo com ela.

ÉPOCA – Se a igreja for questionada em seus dogmas, ela não deixará de ser igreja?
Marília – Eu não acho. A igreja tem mesmo de ser questionada, inclusive há pensadores cristãos contemporâneos que questionam o modelo de igreja que estamos vivendo e as teologias distorcidas, como a teologia da prosperidade, que são predominantemente neopentecostais e ensinam essa grande barganha. Se você não der o dízimo, Deus vai mandar o gafanhoto. Simbolicamente falando, Ele vai te amaldiçoar. Hoje o fiel se relaciona com o Divino para as coisas darem certo. Ele não se relaciona pelo amor. Essa é uma das grandes distorções.

ÉPOCA – No livro você dá alguns alertas para não cair no abuso religioso.
Marília – Desconfie de quem leva a glória para si. Uma boa dica é prestar atenção nas visões megalomaníacas. Uma das características de quem abusa é querer que a igreja se encaixe em suas visões, como querer ganhar o Brasil para Cristo e colocar metas para isso. E aquele que não se encaixar é um rebelde, um feiticeiro. Tome cuidado com esse homem. Outra estratégia é perguntar a si mesmo se tem medo do pastor ou se pode discordar dele. A pessoa que tem potencial para abusar não aceita que se discorde dela, porque é autoritária. Outra situação é observar se o pastor gosta de dinheiro e ver os sinais de enriquecimento ilícito. São esses geralmente os que adoram ser abençoados e ganhar presentes. Cuidado.

Marília de Camargo César, 44 anos, jornalista, casada, duas filhas

O QUE FEZ
Editora assistente do jornal O Valor, formada pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero

O QUE PUBLICOU
Seu livro de estreia é Feridos em nome de Deus (editora Mundo Cristão)

domingo, 14 de junho de 2009

Culto racional – 1ª parte

Toda formulação de pensamento nasce do contato com a realidade. É impossível alguém dizer que não fala pensando em A, B ou C. Você pode até dizer que suas idéias não miram A, B ou C, pode estar pensando na sociedade ou na situação da igreja como um todo. Mas perai: o todo, o conjunto, o coletivo, não é o agrupamento e o ajuntamento de A, B e C???
Pois bem, quando falamos, temos que responder ás questões de A, B ou C, ou do coletivo composto por A, B ou C
A leitura da Bíblia só faz sentido pra nós quando responde as nossas perguntas e os nossos anseios. Só faz sentido quando ela é contextualizada.
Baseado nisso que mencionei anteriormente, tenho observado e não vem de hoje essa minha observação, pessoas buscando um tipo de espiritualidade exacerbada, baseada em um empirismo, ou seja, uma espiritualidade baseada nas experiências, tudo o que pode ser visto, tudo o que necessita de comprovação. Uma espiritualidade baseada em extravagância, em movimentos corporais, uma espiritualidade que se reflete através das ações e emoções do meu corpo. E o pior de tudo: isso acaba se tornando uma regra para todos, fazendo com que todos tenham que passar por essas experiências empiristas.
Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. Romanos 12; 1 e 2
Olha que interessante: devemos prestar ao Senhor um culto racional. O que seria um culto racional? Muitas pessoas acham que racional oposto de espiritual. Veja como essas pessoas que dizem isso negam a própria Bíblia, pois o apostolo Paulo nos estimula a prestar um culto racional. Então Paulo não era espiritual? Paulo era frio?
O que o apostolo Paulo está querendo dizer é que a nossa espiritualidade anda junto com a racionalidade. Ou seja, devo avaliar, com base na razão, como tem sido o meu culto a Deus. O que difere o homem dos outros animais é justamente isso: o ser humano é um ser racional. E quando Deus criou o homem racional ele disse: viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom. Deus criou o homem um animal racional e disse que era bom. Deus se agradou daquilo que ele tinha criado.
No versículo 2 Paulo diz que devemos transformar o mundo com a renovação da vossa mente.O que ele está querendo dizer? Fique atento com as mudanças de sua época, coisas novas vão surgir, e vocês devem estar sempre alertas, sempre atentos, preservando sempre a sã doutrina de nosso amado Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ou seja, os tempos mudarão, ensinos duvidosos surgirão, doutrinas questionáveis aparecerão, e é preciso estar sempre renovando a mente. E olha que interessante: o apostolo Paulo não nos diz para renovarmos o nosso espírito.
Porque será? Pergunto mais uma vez: Paulo não era um ser espiritual? Paulo era frio?
Paulo diz para renovarmos a nossa mente, e não o nosso espírito.
Deus deu ao homem a capacidade de pensar E disse Deus que isso era bom. Porque pensar é de Deus, e porque pensar é bom, devo renovar minha mente, através de meu culto racional para que ai sim eu experimente a boa, agradável e perfeita vontade de Deus
Portanto, quando abandonamos esse dom que Deus nos deu, quando abandonamos essa capacidade que só o homem tem de pensar e questionar, nós estamos negando a obra de Deus em nós, negando aquilo que Deus criou e disse que era bom.
Então, abandonamos o cristianismo pensante, o cristianismo que protesta, por isso chamado protestante, o cristianismo não conformador com esta era, mas transformador, e criamos outro tipo de movimento religioso, oposto ao cristianismo: criamos o emocionalismo.

Culto racional – 2ª parte

O emocionalismo é o movimento que mede a espiritualidade não pelo conhecimento bíblico, mas pela quantidade de vezes que ela chora, pela quantidade de vezes que levanta a mão nos cultos, pela quantidade de vezes que vai ao monte, pela quantidade de vezes que jejua e ora, pela quantidade de vezes que se arrepia durante um culto. Não mede mais a sua espiritualidade ou a sua salvação através da mudança de vida, mudança da mente, através da mudança dos valores e de comportamento. Não. Mede a espiritualidade através do empirismo, como dito anteriormente.
Então ela se julga cristã porque sente emoções. Então eu te pergunto: da mesma forma que eu posso chorar em um culto, eu posso chorar assistindo um filme. Chorar serve então de parâmetro para se medir espiritualidade? Da mesma forma que eu posso arrepiar em um culto, eu posso arrepiar assistindo a um show de uma grande banda. Então arrepiar serve de parâmetro para medir espiritualidade? Da mesma forma que eu posso sentir um frio na barriga durante um culto eu posso sentir isso andando na montanha russa. Portanto sentir um friozinho na barriga serve de parâmetro para medir espiritualidade?
O meu povo está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento. Oseias 4;6
Notem: aqui não diz que o meu povo está sendo destruído porque lhe falta fazer jejuns, não diz que o povo está sendo destruído porque lhe falta muita oração, não diz que o povo está sendo destruído porque lhe falta muitas vigílias, não diz que o povo está sendo destruído porque lhe falta momentos ininterruptos de louvor e adoração nos cultos. Não, diz que o povo está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento.
Mas essa falta de conhecimento é como uma moeda: tem dois lados. O primeiro lado da falta de conhecimento vem do povo que quer emoção ao invés da razão, que mesmo alertado, prefere se converter ao emocionalismo ao invés do cristianismo. Vivemos em uma geração marcada pelo cinema e pelos efeitos especiais, uma geração marcada pela alta tecnologia. Uma geração sedenta por novas aventuras. Por isso mesmo, uma geração que não consegue ver o belo nas coisas simples, que não consegue acreditar em um Deus simples, quer um deus mágico, um deus show, um deus exibicionista, um deus que as faça arrepiar, chorar. Ou seja, um deus holywodiano, de preferência com legendas e som estéreo 5.1, pra ficar o mais americanizado possível, pois crêem que tudo o que vem do tio Sam é melhor que o tupiniquim.
O outro lado da moeda da falta de conhecimento vem dos sacerdotes, que se negam a ensinar ao povo as verdades bíblicas, e falam ao povo somente aquilo que eles querem ouvir. Isso estava acontecendo em Israel: levantavam-se falsos profetas dizendo: haverá paz, quando na verdade o Senhor nada disse sobre isso. Levantavam-se falsos profetas dizendo: o Senhor irá por nós, quando na verdade o Senhor nada havia dito a respeito disso. Levantavam-se falsos profetas dizendo: haverá somente prosperidade, quando na verdade o que os aguardava era um cativeiro e sofrimento.
Porque tu, sacerdote, rejeita o conhecimento - Oseías 4;6b
O Senhor também fizera um julgamento contra os lideres da época, que também eram responsáveis pela decadência moral de Israel. Os lideres religiosos daquele época fizeram vistas grossas contra os cultos a Baal e as idolatrias, profanando assim o primeiro e segundo mandamento. Portanto, vemos dois tipos de lideres: os que conduzem o povo ao erro e os que se calam perante esta situação. É comum ouvirmos dizer: não fale nada sobre A, B ou C, porque A, B e C é ungido do Senhor, como se quem falasse contra também não fosse ungido. Não fale nada sobre a igreja X ou Y porque, querendo ou não, elas estão fazendo a obra do Senhor. Não fale nada, é falta de ética, não fale nada, é falta de respeito.
Repare que a situação é a mesma daquela época, apenas mudando os personagens. Antes, eram os falsos profetas que diziam que nada aconteceria a Israel; hoje, são os emotivos que dizem: não fale nada, cale-se.
Em todas as épocas sempre se levantaram vozes proféticas para denunciar o que se fazia em nome de Deus, e sempre se levantaram vozes de oposição para calar essas vozes.
Foi por isso que Jesus disse: Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! (Mt 23;37)
Então temos que conviver com absurdos em nome de uma fé emocional, em nome de uma fé pragmática, em nome de uma fé instantânea, rápida e sem perca de tempo. Uma fé sem o menor respaldo bíblico, uma fé baseada no sentimento humano e na busca pelos desejos. Convivemos com absurdos e não podemos falar nada. Convivemos com absurdos e achamos normal.

Culto racional – 3ª parte

A empresa de telefonia Oi foi muito feliz quando lançou um comercial onde mostrava vários absurdos acontecendo na sociedade e todo mundo convivendo muito bem com eles. (Para ver o comercial, acesse: http://www.youtube.com/watch?v=Ywkr9bb-tVI)
O vídeo começa falando: naquele lugar ninguém se incomodava com pequenos absurdos. Vemos varias cenas absurdas, e todo mundo se dando muito bem com isso.
Até que o rapaz fala a palavra “absurdo” e todos param por alguns segundos. E depois tudo volta ao normal. Acostumamos-nos tanto com os absurdos que, quando alguém menciona, paramos por um segundo e continuamos a viver neles.
Porque engolimos naturalmente todos os absurdos que são ditos em muitos altares? As pessoas são incoerentes que dizem que cada um livre para se achegar a Deus, mas não podemos questionar o poder e a forma de organizar os impérios chamados igrejas. As pessoas são tão incoerentes nas suas palavras, que dizem que somente Deus tem poder, mas delegam plenos e totais poderes ao homem, dizendo que sua “autoridade” não pode ser questionada.
É assim também entre os grupos de pessoas chamadas evangélicos: se alguém se levanta contra os absurdos, logo será taxada de revoltada, herege, criadora de confusão. Então, as pessoas continuarão a conviver tranquilamente com os absurdos e abandonarão a sua fé racional, deixando de usar aquilo que Deus lhe deu e disse que era bom: sua razão.
Assim, a religião da emoção possui um slogan, uma frase: É PROIBIDO PENSAR.
Pensar não faz parte da religião dos emo-gelicos (fusão de emocionalistas + evangélicos), porque pensar pode me fazer levar para caminhos que não me agradam, que não me satisfaçam. Pode me levar a questionar minhas posturas, questionar meu cristianismo individualista e consumista. Então, prefiro uma religião mais alienante, uma religião que não me faça importar com o outro, preferindo uma religião anti-cristã, e portanto, tornando-se um anti-cristão.
Gostaria de mencionar um texto do Leonardo Gonçalves, extraído do site púlpito cristão (http://www.pulpitocristao.com/). Ele diz assim:
“Será que ao receber a Cristo, abrimos mão do nosso cérebro? Será que já não sabemos pensar logicamente? Causa e efeito, princípio da uniformidade, fenomenologia da religião, essas coisas não são contrárias a fé. Aliás, podem até fortalecê-la. Nós fomos feitos para pensar! Vejo tudo isso e pergunto a mim mesmo: "O que será que impede os cristãos de serem mais críticos em seus posicionamentos, mais bereanos em relação à bíblia, menos cabalísticos e mais espirituais?" Penso que já é tempo que se levante uma geração que seja capaz de repensar esse cristianismo pagão, e que, através do discernimento, possa resgatar a essência perdida da nossa fé. Eu oro para que essa geração se levante. Serão jovens que se atreverão a pensar fora do caixote, que levarão o cristianismo para além da arena denominacional, pois o campo é o mundo. Uma geração de crentes sem-crentices, sem aquela mensagem evangelicista distorcida e estereotipada, onde Deus ora é um vassalo que atende todos os caprichos dos homens, ora é um algoz, com chicote na mão, pronto para castigar com o fogo eterno todos aqueles que não se adequam às imposições meramente humanas de tal denominação. Serão jovens que pregarão um evangelho sem barganhas, sem sensacionalismo, sem farisaísmo, mas também sem libertinagem. Cristianismo puro e simples. O evangelho, nada mais.
Eu sei que a tendência é piorar. A presente apostasia é profética, mas é justamente essa apostasia que vai evidenciar quem são os verdadeiros servos de Deus (1Jo 2.9). E eu, meu camarada, quero fazer parte dessa geração. Me recuso a bailar conforme a música, e não quero bater palma pra maluco dançar. Se for para escolher entre as excentricidades das estrelas e a bíblia sagrada, prefiro a bíblia. Sei que estou longe de ser perfeito, mas nem por isso vou me acomodar, nem vou virar marionete nas mãos dessa gente com aparência de piedade, mas que pisa na graça e negocia os pressupostos inegociáveis do cristianismo, vendendo a fé, a grosso e a retalho, e esculhambando com a noiva do Cordeiro. Não vou mais disfarçar minha covardia com alegações de pacifismo e tolerância. Paz sem voz não é paz, é medo! Não podemos aceitar o inaceitável, e nem tolerar o intolerável. Este é um preço muito alto. Quero a paz com todos, se possível, mas desejo a verdade a qualquer preço.”
Jesus disse: e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Ele não disse: e sentireis a verdade, e a verdade vos libertará. Ele disse conhecer. A nossa salvação e a nossa libertação passa pelo conhecimento.

sábado, 6 de junho de 2009

Queria postar uma mensagem de fé, esperança e alento para aqueles que se sentem cansados e desanimados. Essa letra é fantastica. Um suspiro.

A Via Láctea

Legião Urbana

Composição: Dado Villa-Lobos/ Renato Russo/ Marcelo Bonfá

Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz...

Mas não me diga isso...

Hoje a tristeza
Não é passageira
Hoje fiquei com febre
A tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela
Parecerá uma lágrima...

Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza
Das coisas com humor...

Mas não me diga isso...

É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto
Isso passa
Amanhã é um outro dia
Não é?...

Eu nem sei porque
Me sinto assim
Vem de repente um anjo
Triste perto de mim...

E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado
Por pensar em mim...

Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho...

Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser
Quem eu sou...

Mas não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado
Por pensar em mim...

Não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado
Por pensar em mim...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

SELO BLOG DE OURO!

Recebi um selo do meu grande amigo Anderson, do blog http://filosofandoocotidiano.blogspot.com/

As regras são essas:

1 - Exiba a imagem do selo "Blog de Ouro".
2 - Poste o link do blog que te indicou.

3 - Indique 4 blogs de sua preferência.

4 - Avise seus indicados.

5 - Publique as regras.

6 - Confira se os blogs indicados repassaram o selo e as regras.


Meus blogs indicados são:

http://ortodoxiahumana.blogspot.com/

http://cristianismocoerente.blogspot.com/

http://www.pulpitocristao.com/

http://filosofandoocotidiano.blogspot.com/





terça-feira, 19 de maio de 2009

A teologia contida dentro da musica “Meu Mundo é o Barro”, do Rappa

Alguns dias atrás estava parado no sinal de transito, quando ouvi uma musica vinda de um outro carro, quando uma frase me chamou a atenção. Ela dizia assim:

“Tentei ser crente, mas, meu cristo é diferente, a sombra dele é sem cruz, no meio daquela luz”

Essa musica não foi feita por nenhum “artista gospel”, mas foi feita pela banda “O Rappa”. Mas, bem que ela poderia ter sido sim escrita por alguma pessoa dita evangélica, pois ela retrata bem a realidade da igreja no momento em que vivemos: uma igreja sem cruz. Ela deixou de ser mencionada nas igrejas há anos, e ninguém se deu conta disso.

Jesus Cristo mencionou a cruz em seu ministério antes mesmo de passar por ela. Disse aos seus discípulos que, aquele que quisesse segui-lo, deveria renunciar a si mesmo, tomar a sua própria cruz e O segui-lo.

O apostolo Paulo disse que “a cruz é loucura para os que perecem”.

Sim, somente um louco pode querer falar de cruz em pleno século XXI, no auge do consumismo e do capitalismo; falar de cruz em uma sociedade permeada por valores hedonistas e narcisistas.

Como falar de cruz, de perdas, se os discursos religiosos das igrejas chamadas evangélicas são apenas discursos regidos pela lei do mercado?

Os cultos se tornaram palestras motivacionais, parecidas com aquelas que donos de empresas recebem para ganhar mais e vender mais. Os textos bíblicos são usados totalmente fora do seu contexto, apenas para “autenticar” esse pseudo-discurso.

A cruz, orgulho dos primeiros cristãos, se tornou motivo de vergonha para o cristão moderno. Cânticos que falam da cruz como lugar de renuncia já não existem mais. Quando se refere à cruz, fala-se da cruz como “tudo o que Jesus conquistou na cruz é direito nosso”. Os evangélicos conseguiram mudar até isso: um conceito histórico da cruz como lugar de negação para “a cruz como lugar de alcançar algo de Deus”.

Bonhoeffer, um teólogo alemão que viveu no século XX, disse:

“A graça barata é a graça sem a cruz. A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, por amor do qual o homem sai e vende com alegria tudo quanto tem; a pérola preciosa, para adquirir a qual o comerciante se desfaz de todos os seus bens. É graça preciosa por custar a vida ao homem. Não pode ser barato para nós aquilo que custou caro para Deus (seu próprio Filho). A graça preciosa é a graça considerada santuário de Deus, que tem que ser preservado do mundo, não lançado aos cães. Foi essa graça preciosa que venceu esse discípulo (Pedro), levando-o a largar tudo por amor do discipulado”.

O que estamos vivendo é uma religiosidade barata, de pessoas vazias que se dizem cristãs, mas não seguem a Cristo, seguem na verdade o Capital, o seu deus, e se agarram a ele com todas as suas forças.

Agora, os evangélicos têm mais um grupo de musica pra admirar: “O Rappa”

Sejam bem vindos, Rappa, ao mundinho vazio, efêmero, alienante e ausente da cruz chamado “mundo gospel”

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Carta de despedida

Pode parecer paradoxo, mas a postagem de abertura é na verdade uma carta de despedida. Gostaria de me despedir dos evangelicos.



Não consigo me encaixar no perfil dos chamados evangélicos, porque os evangélicos criaram um outro mundo, e o chamam de mundo espiritual. E vivem uma crise existencial terrível, porque acham que são alienígenas que vieram de outro mundo, mas são obrigados a viver neste. E não sabem como viver aqui, não sabem quem realmente são. Não posso pertencer a este grupo porque para mim tudo é um mundo só, tudo é espiritual, ao mesmo tempo que é material. É como Jesus foi: 100% homem, 100% Deus. Jesus não acordava e dizia: hoje sou apenas espiritual. Jesus foi integral sempre.

Não consigo me encaixar no perfil dos evangélicos porque eles se tornaram guardiões da riqueza desse mundo, estão envolvidos em um plano audacioso para “dominar o mundo” e para isso estão montando impérios em formas de grandes catedrais, e estão alistando as pessoas que queiram participar desta ”cruzada”. E o treinamento já começou: consiste em dar ordens a Deus, determinar que tudo aconteça, dizer palavras com fé. E eles estão avançando lentamente neste plano. Já possuem canais de TV, rádios, revistas e jornais. É um plano muito bem arquitetado. Mas, como me neguei a fazer parte deste “exercito” na qual a ganância e o amor ao dinheiro é a motivação de toda essa gente, não posso me considerar mais pertencente a este grupo, pois tenho a esperança de me encontrar com Jesus, e Jesus disse que aqueles que quiseram riqueza perderam a sua própria salvação. E eu, parafraseando Martinho Lutero, prefiro ser pobre com Deus do que rico com o diabo.

Não posso mais dizer pertencente ao grupo dos evangélicos porque não consigo ter duas caras, não consigo ser bajulador, não consigo ler as Escrituras e ficar neutro, calado. Os evangélicos se acostumaram a ver as fraudes, as armações, as picaretagens, os pseudo-pregadores se enriquecendo a custa da fé de pessoas pobres que depositaram seu dinheiro e sua esperança nessa gente inescrupulosa. Sim, os evangélicos conseguem ver tanta mentira, tanta podridão, tanta falsidade, tanta mentira dita em nome do dinheiro e conseguem ficar calados. E fazem mais do que ficar calados: alem de ficar calados, são cúmplices, porque fornecem proteção aqueles que “traficam”* a palavra da verdade em mentira. São cúmplices porque dizem: “cuidado, eles são ungidos, são perigosos, você pode se dar mal”. Sim, os próprios evangélicos são os capangas dos “donos do morro”. São eles os responsáveis por fazerem os fraudulentos terem uma noite de sono tranqüila. São eles os responsáveis de fazer com que a “droga” que eles vendem em cima dos seus palanques continue sendo vendida livremente por ai, e que nada venha impedir que esse discurso contaminado, esse discurso que mata chegue ao seu destino final, seja por meio da TV, do radio, jornais e internet.

Não posso mais dizer pertencente ao grupo dos evangélicos porque os evangélicos criticam os católicos por adorarem imagens de escultura, mas idolatram pastores e cantores famosos. Os evangélicos criticam os católicos porque viajarem milhares de quilômetros no dia da padroeira do Brasil, mas eles viajam milhares e milhares de quilômetros atrás de cantores e pastores famosos, com o falso pretexto de dizerem encontrar com Deus. Mas Deus não está em todo lugar?

Não me encaixo mais no perfil dos evangélicos porque eles fizeram da igreja um aplacador de consciência, um lugar aonde se vai aos domingos para se sentirem aliviados, para poderem continuar vivendo durante a semana uma vida falsa, cheia de armações, mentiras e falsidades. Mas o fato de ir a igreja lhe dão a sensação de que “Deus não pode fazer nada contra mim, afinal, eu vou a igreja”. Puxa, evangélicos, como vocês são espertos, deram um “nó” em Deus. E agora, como Deus vai se sair dessa? Não pode fazer justiça porque vocês estão protegidos pela igreja (rsrsrsrsrs, desculpe-me, não pude conter as risadas por causa dessa gente “esperta”).

Por isso, não posso me considerar um evangélico, porque não consigo fazer como vocês fazem: tentam passar Deus para trás, usando a igreja como proteção. Pois, diferente de vocês, creio que olhos do Senhor estão sobre toda a terra, e que a igreja não é maior do que o próprio Deus.

Pensando bem, não fui eu quem deixou de ser evangélico, foram os evangélicos que deixaram de ser cristãos. E porque eu insisti em permanecer cristão, fui convidado a me retirar do movimento. Obrigado, Senhor, fui salvo e liberto. Hoje entendo o que isso significa. Obrigado, Senhor, por tão grande salvação.

* Traficam vem de traficar, que significa: Negociar, comerciar, fazer negócios fraudulentos. Quando pois, disse “traficam” a palavra da verdade, estava dizendo negociando e comercializando a palavra da verdade.