terça-feira, 31 de agosto de 2010

A nova reforma Protestante

Inspirado no cristianismo primitivo e conectado à internet, um grupo crescente de religiosos critica a corrupção neopentecostal e tenta recriar o protestantismo à brasileira


EM CONSTRUÇÃO
Ilustração de um monumento em forma de cruz

Irani Rosique não é apóstolo, bispo, presbítero nem pastor. É apenas um cirurgião geral de 49 anos em Ariquemes, cidade de 80 mil habitantes do interior de Rondônia. No alpendre da casa de uma amiga professora, ele se prepara para falar. Cercado por conhecidos, vizinhos e parentes da anfitriã, por 15 minutos Rosique conversa sobre o salmo primeiro (“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios”). Depois, o grupo de umas 15 pessoas ora pela última vez – como já havia orado e cantado por cerca de meia hora antes – e então parte para o tradicional chá com bolachas, regado a conversa animada e íntima.
Desde que se converteu ao cristianismo evangélico, durante uma aula de inglês em Goiânia em 1969, Rosique pratica sua fé assim, em pequenos grupos de oração, comunhão e estudo da Bíblia. Com o passar do tempo, esses grupos cresceram e se multiplicaram. Hoje, são 262 espalhados por Ariquemes, reunindo cerca de 2.500 pessoas, organizadas por 11 “supervisores”, Rosique entre eles. São professores, médicos, enfermeiros, pecuaristas, nutricionistas, com uma única característica comum: são crentes mais experientes.
Apesar de jamais ter participado de uma igreja nos moldes tradicionais, Rosique é hoje uma referência entre líderes religiosos de todo o Brasil, mesmo os mais tradicionais. Recebe convites para falar sobre sua visão descomplicada de comunidade cristã, vindos de igrejas que há 20 anos não lhe responderiam um telefonema. Ele pode ser visto como um “símbolo” do período de transição que a igreja evangélica brasileira atravessa. Um tempo em que ritos, doutrinas, tradições, dogmas, jargões e hierarquias estão sob profundo processo de revisão, apontando para uma relação com o Divino muito diferente daquela divulgada nos horários pagos da TV.
Estima-se que haja cerca de 46 milhões de evangélicos no Brasil. Seu crescimento foi seis vezes maior do que a população total desde 1960, quando havia menos de 3 milhões de fiéis espalhados principalmente entre as igrejas conhecidas como históricas (batistas, luteranos, presbiterianos e metodistas). Na década de 1960, a hegemonia passou para as mãos dos pentecostais, que davam ênfase em curas e milagres nos cultos de igrejas como Assembleia de Deus, Congregação Cristã no Brasil e O Brasil Para Cristo. A grande explosão numérica evangélica deu-se na década de 1980, com o surgimento das denominações neopentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus e a Renascer. Elas tiraram do pentecostalismo a rigidez de costumes e a ele adicionaram a “teologia da prosperidade” (leia o quadro na última pág.). Há quem aposte que até 2020 metade dos brasileiros professará à fé evangélica.
Dentro do próprio meio, levantam-se vozes críticas a esse crescimento. Segundo elas, esse modelo de igreja, que prospera em meio a acusações de evasão de divisas, tráfico de armas e formação de quadrilha, tem sido mais influenciado pela sociedade de consumo que pelos ensinamentos da Bíblia. “O movimento evangélico está visceralmente em colapso”, afirma o pastor Ricardo Gondim, da igreja Betesda, autor de livros como Eu creio, mas tenho dúvidas: a graça de Deus e nossas frágeis certezas (Editora Ultimato). “Estamos vivendo um momento de mudança de paradigmas. Ainda não temos as respostas, mas as inquietações estão postas, talvez para ser respondidas somente no futuro.”



SÍMBOLO
O cirurgião Irani Rosique (sentado, de camisa branca, com a Bíblia aberta no colo). Sem cargo de clérigo, ele mobiliza 2.500 pessoas no interior de Rondônia
Nos Estados Unidos, a reinvenção da igreja evangélica está em curso há tempos. A igreja Willow Creek de Chicago trabalhava sob o mote de ser “uma igreja para quem não gosta de igreja” desde o início dos anos 1970. Em São Paulo, 20 anos depois, o pastor Ed René Kivitz adotou o lema para sua Igreja Batista, no bairro da Água Branca – e a ele adicionou o complemento “e uma igreja para pessoas de quem a igreja não costuma gostar”. Kivitz é atualmente um dos mais discutidos pensadores do movimento protestante no Brasil e um dos principais críticos da“religiosidade institucionalizada”. Durante seu pronunciamento num evento para líderes religiosos no final de 2009, Kivitz afirmou: “Esta igreja que está na mídia está morrendo pela boca, então que morra. Meu compromisso é com a multidão agonizante, e não com esta igreja evangélica brasileira.”
Essa espécie de “nova reforma protestante” não é um movimento coordenado ou orquestrado por alguma liderança central. Ela é resultado de manifestações espontâneas, que mantêm a diversidade entre as várias diferenças teológicas, culturais e denominacionais de seus ideólogos. Mas alguns pontos são comuns. O maior deles é a busca pelo papel reservado à religião cristã no mundo atual. Um desafio não muito diferente do que se impõe a bancos, escolas, sistemas políticos e todas as instituições que vieram da modernidade com a credibilidade arranhada. “As instituições estão todas sub judice”, diz o teólogo Ricardo Quadros Gouveia, professor da Universidade Mackenzie de São Paulo e pastor da Igreja Presbiteriana do Bairro do Limão. “Ninguém tem dúvida de que espiritualidade é uma coisa boa ou que educação é uma coisa boa, mas as instituições que as representam estão sob suspeita.”
Uma das saídas propostas por esses pensadores é despir tanto quanto possível os ensinamentos cristãos de todo aparato institucional. Segundo eles, a igreja protestante (ao menos sua face mais espalhafatosa e conhecida) chegou ao novo milênio tão encharcada de dogmas, tradicionalismos, corrupção e misticismo quanto a Igreja Católica que Martinho Lutero tentou reformar no século XVI. “Acabamos nos perdendo no linguajar ‘evangeliquês’, no moralismo, no formalismo, e deixamos de oferecer respostas para nossa sociedade”, afirma o pastor Miguel Uchôa, da Paróquia Anglicana Espírito Santo, em Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife. “É difícil para qualquer pessoa esclarecida conviver com tanto formalismo e tão pouco conteúdo.”

“É lisonjeador saber que nos consideram ‘pensadores’. Mas o grande problema dos evangélicos brasileiros não é de inteligência. É de ética e honestidade”
RICARDO AGRESTE, pastor da Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera, em Campinas, São Paulo
Uchôa lidera a maior comunidade anglicana da América Latina. Seu trabalho é reconhecido por toda a cúpula da denominação como um dos mais dinâmicos do país. Ele é um dos grandes entusiastas do movimento inglês Fresh Expressions, cujo mote é “uma igreja mutante para um mundo mutante”. Seu trabalho é orientar grupos cristãos que se reúnem em cafés, museus, praias ou pistas de skate. De maneira genérica, esses grupos são chamados de “igreja emergente” desde o final da década de 1990. “O importante não é a forma”, afirma Uchôa. “É buscar a essência da espiritualidade cristã, que acabou diluída ao longo dos anos, porque as formas e hierarquias passaram a ser usadas para manipular pessoas. É contra isso que estamos nos levantando.”
No meio dessa busca pela essência da fé cristã, muitas das práticas e discursos que eram característica dos evangélicos começaram a ser considerados dispensáveis. Às vezes, até condenáveis (leia o quadro na última pág.). Em Campinas, no interior de São Paulo, ocorre uma das experiências mais interessantes de recriação de estruturas entre as denominações históricas. A Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera não tem um templo. Seus frequentadores se reúnem em dois salões anexos a grandes condomínios da cidade e em casas ao longo da semana. Aboliram a entrega de dízimos e as ofertas da liturgia. Os interessados em contribuir devem procurar a secretaria e fazê-lo por depósito bancário – e esperar em casa um relatório de gastos. Os sermões são chamados, apropriadamente, de “palestras” e são ministrados com recursos multimídias por um palestrante sentado em um banquinho atrás de um MacBook. A meditação bíblica dominical é comumente ilustrada por uma crônica de Luis Fernando Verissimo ou uma música de Chico Buarque de Hollanda.
“Os seminários teológicos formam ministros para um Brasil rural em que os trabalhos são de carteira assinada, as famílias são papai, mamãe, filhinhos e os pastores são pessoas respeitadas”, diz Ricardo Agreste, pastor da Comunidade e autor dos livros Igreja? Tô fora e A jornada (ambos lançados pela Editora Socep). “O risco disso é passar a vida oferecendo respostas a perguntas que ninguém mais nos faz. Há muita gente séria, claro, dizendo verdades bíblicas, mas presas a um formato ultrapassado.”
Outro ponto em comum entre esses questionadores é o rompimento declarado com a face mais visível dos protestantes brasileiros: os neopentecostais. “É lisonjeador saber que atraímos gente com formação universitária e que nos consideram ‘pensadores’”, afirma Ricardo Agreste. “O grande problema dos evangélicos brasileiros não é de inteligência, é de ética e honestidade.” Segundo ele, a velha discussão doutrinária foi substituída por outra. “Não é mais uma questão de pensar de formas diferentes a espiritualidade cristã”, diz. “Trata-se de entender que há gente usando vocabulário e elementos de prática cristã para ganhar dinheiro e manipular pessoas.”
Esse rompimento da cordialidade entre os evangélicos históricos e os neopentecostais veio a público na forma de livros e artigos. A jornalista (evangélica) Marília Camargo César publicou no final de 2008 o livro Feridos em nome de Deus (Editora Mundo Cristão), sobre fiéis decepcionados com a religião por causa de abusos de pastores. O teólogo Augustus Nicodemus Lopes, chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie, publicou O que estão fazendo com a Igreja: ascensão e queda do movimento evangélico brasileiro (Mundo Cristão), retrato desolador de uma geração cindida entre o liberalismo teológico, os truques de marketing, o culto à personalidade e o esquerdismo político. Em um recente artigo, o presidente do Centro Apologético Cristão de Pesquisas, João Flavio Martinez, definiu como “macumba para evangélico” as práticas místicas da Igreja Universal do Reino de Deus, como banho de descarrego e sabonete com extrato de arruda.
Tais críticas, até pouco tempo atrás, ficavam restritas aos bastidores teológicos e às discussões internas nas igrejas. Livros mais antigos – como Supercrentes, Evangélicos em crise, Como ser cristão sem ser religioso e O evangelho maltrapilho (todos da editora Mundo Cristão) – eram experiências isoladas, às vezes recebidos pelos fiéis como desagregadores. “Parece que a sociedade se fartou de tanto escândalo e passou a dar ouvidos a quem já levantava essas questões há tempos”, diz Mark Carpenter, diretor-geral da Mundo Cristão.
O pastor Kivitz – que publicou pela Mundo Cristão seus livros Outra espiritualidade e O livro mais mal-humorado da Bíblia – distingue essa crítica interna daquela feita pela mídia tradicional aos neopentecostais “A mídia trata os evangélicos como um fenômeno social e cultural. Para fazer uma crítica assim, basta ter um pouco de bom-senso. Essa crítica o (programa) CQC já faz, porque essa igreja é mesmo um escracho”, diz ele. “Eu faço uma crítica diferente, visceral, passional, porque eu sou evangélico. E não sou isso que está na televisão, nas páginas policiais dos jornais. A gente fica sem dormir, a gente sofre e chora esse fenômeno religioso que pretende ser rotulado de cristianismo.”
A necessidade de se distinguir dos neopentecostais também levou essas igrejas a reconsiderar uma série de práticas e até seu vocabulário. Pastores e “leigos” passam a ocupar o mesmo nível hierárquico, e não há espaço para “ungidos” em especial. Grandes e imponentes catedrais e “cultos shows” dão lugar a reuniões informais, em pequenos grupos, nas casas, onde os líderes podem ser questionados, e as relações são mais próximas. O vocabulário herdado da teologia triunfalista do Antigo Testamento (vitória, vingança, peleja, guerra, maldição) é reconsiderado. Para superar o desgaste dos termos, algumas igrejas preferem ser chamadas de “comunidades”, os cultos são anunciados como “reuniões” ou “celebrações” e até a palavra “evangélico” tem sido preterida em favor de “cristão” – o termo mais radical. Nem todo mundo concorda, evidentemente. “Eles (os neopentecostais) é que não deveriam ser chamados de evangélicos”, afirma o bispo anglicano Robinson Cavalcanti, da Diocese do Recife. “Eles é que não têm laços históricos, teológicos ou éticos com os evangélicos.”
Um dos maiores estudiosos do fenômeno evangélico no Brasil, o sociólogo Ricardo Mariano (PUC-RS), vê como natural o embate entre neopentecostais e as lideranças de igrejas históricas. Ele lembra que, desde o final da década de 1980, quando o neopentecostalismo ganhou força no Brasil, os líderes das igrejas históricas se levantaram para desqualificar o movimento. “O problema é que não há nenhum órgão que regule ou fale em nome de todos os evangélicos, então ninguém tem autoridade para dizer o que é uma legítima igreja evangélica”, afirma.

“O que importa é buscar a essência do cristianismo, que acabou diluída porque as formas e hierarquias passaram a ser usadas para manipular pessoas”
MIGUEL UCHÔA, pastor anglicano (à esquerda na foto, ao lado do bispo Robinson Cavalcanti, da Diocese do Recife)

Procurado por ÉPOCA, Geraldo Tenuta, o Bispo Gê, presidente nacional da Igreja Renascer em Cristo, preferiu não entrar em discussões. “Jesus nos ensinou a não irmos contra aqueles que pregam o evangelho, a despeito de suas atitudes”, diz ele. “Desde o início, éramos acusados disto ou daquilo, primeiro porque admitíamos rock no altar, depois porque não tínhamos usos e costumes. Isso não nos preocupa. O que não é de Deus vai desaparecer, e não será por obra dos julgamentos.” A Igreja Universal do Reino de Deus – que, na terceira semana de julho, anunciou a construção de uma “réplica do Templo de Salomão” em São Paulo, com “pedras trazidas de Israel” e “maior do que a Catedral da Sé” – também foi procurada por ÉPOCA para comentar os movimentos emergentes e as críticas dirigidas à igreja. Por meio de sua assessoria, o bispo Edir Macedo enviou um e-mail com as palavras: “Sem resposta”.
O sociólogo Ricardo Mariano, autor do livro Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil (Editora Loyola), oferece uma explicação pragmática para a ruptura proposta pelo novo discurso evangélico. Ateu, ele afirma que o objetivo é a busca por uma certa elite intelectual, um público mais bem informado, universitário, mais culto que os telespectadores que enchem as igrejas populares. “Vivemos uma época em que o paciente pesquisa na internet antes de ir ao consultório e é capaz de discutir com o médico, questionar o professor”, diz. “Num ambiente assim, não tem como o pastor proibir nada. Ele joga para a consciência do fiel.”
A maior parte da movimentação crítica no meio evangélico acontece nas grandes cidades. O próprio pastor Kivitz afirma que “talvez não agisse da mesma forma se estivesse servindo alguma comunidade em um rincão do interior” e que o diálogo livre entre púlpito e auditório passa, necessariamente, por uma identificação cultural. “As pessoas não querem dogmas, elas querem honestidade”, diz ele. “As dúvidas delas são as minhas dúvidas. Minha postura é, juntos, buscarmos respostas satisfatórias a nossas inquietações.”
Por isso mesmo, Ricardo Mariano não vê comparação entre o apelo das novas igrejas protestantes e das neopentecostais. “O destino desses líderes será ‘pescar no aquário’, atraindo insatisfeitos vindos de outras igrejas, ou continuar falando para meia dúzia de pessoas”, diz ele. De acordo com o presbiteriano Ricardo Gouveia, “não há, ou não deveria haver, preocupação mercadológica” entre as igrejas históricas. “Não se trata de um produto a oferecer, que precise ocupar espaço no mercado”, diz ele. “Nossa preocupação é simplesmente anunciar o evangelho, e não tentar ‘melhorá-lo’ ou torná-lo mais interessante ou vendável.”
O advento da internet foi fundamental para pastores, seminaristas, músicos, líderes religiosos e leigos decidirem criar seus próprios sites, portais, comunidades e blogs. Um vídeo transmitido pela Igreja Universal em Portugal divulgando o Contrato da fé – um “documento”, “autenticado” pelos pastores, prometendo ao fiel a possibilidade de se “associar com Deus e ter de Deus os benefícios” – propagou-se pela rede, angariando toda sorte de comentários. Outro vídeo, em que o pregador americano Moris Cerullo, no programa do pastor Silas Malafaia, prometia uma “unção financeira dos últimos dias” em troca de quem “semear” um “compromisso” de R$ 900 também bombou na rede. Uma cópia da sentença do juiz federal Fausto De Sanctis (leia a entrevista com ele) condenando os líderes da Renascer Estevam e Sônia Hernandes por evasão de divisas circulou no final de 2009. De Sanctis afirmava que o casal “não se lastreia na preservação de valores de ética ou correção, apesar de professarem o evangelho”. “Vergonha alheia em doses quase insuportáveis” foi o comentário mais ameno entre os internautas.
Sites como Pavablog, Veshame Gospel, Irmãos.com, Púlpito Cristão, Caiofabio.net ou Cristianismo Criativo fazem circular vídeos, palestras e sermões e debatem doutrinas e notícias com alto nível de ousadia e autocrítica. De um grupo de blogueiros paulistanos, surgiu a ideia da Marcha pela ética, um protesto que ocorre há dois anos dentro da Marcha para Jesus (evento organizado pela Renascer). Vestidos de preto, jovens carregam faixas com textos bíblicos e frases como “O $how tem que parar” e “Jesus não está aqui, ele está nas favelas”.


“O homem sem Deus joga papel no chão? O cristão não deve jogar. É a proposta de Jesus, materializar o amor ao próximo no dia a dia”
VALTER RAVARA, “ecocapelão”, criador do Instituto Gênesis 1.28 e da Bíblia verde

A maior parte desses blogueiros trafega entre assuntos tão diversos como teologia, política, televisão, cinema e música popular. O trânsito entre o “secular” e o “sagrado” é uma das características mais fortes desses novos evangélicos. “A espiritualidade cristã sempre teve a missão de resgatar a pessoa e fazê-la interagir e transformar a sociedade”, diz Ricardo Agreste. “Rompemos o ostracismo da igreja histórica tradicional, entramos em diálogo com a cultura e com os ícones e pensamento dessa cultura e estamos refletindo sobre tudo isso.”
Em São Paulo, o capelão Valter Ravara criou o Instituto Gênesis 1.28, uma organização que ministra cursos de conscientização ambiental em igrejas, escolas e centros comunitários. “É a proposta de Jesus, materializar o amor ao próximo no dia a dia”, afirma Ravara. “O homem sem Deus joga papel no chão? O cristão não deve jogar.” Ravara publicou em 2008 a Bíblia verde, com laminação biodegradável, papel de reflorestamento e encarte com textos sobre sustentabilidade.
A então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, escreveu o prefácio da Bíblia verde. Sua candidatura à Presidência da República angariou simpatia de blogueiros e tuiteiros, mas não o apoio formal da Assembleia de Deus, denominação a que ela pertence. A separação entre política e religião pregada por Marina é vista como um marco da nova inserção social evangélica. O vereador paulistano e evangélico Carlos Bezerra Jr. afirma que o dever do político cristão é “expressar o Reino de Deus” dentro da política. “É o oposto do que fazem as bancadas evangélicas no Congresso, que existem para conseguir facilidades para sua denominação e sustentar impérios eclesiásticos”, diz ele.


DA WEB ÀS RUAS
Blogueiros que organizam a Marcha pela ética, um movimento de protesto incrustado dentro da Marcha para Jesus, promovida pela Renascer

O raciocínio antissectário se espalhou para a música. Nomes como Palavrantiga, Crombie, Tanlan, Eduardo Mano, Helvio Sodré e Lucas Souza se definem apenas como “música feita por cristãos”, não mais como “gospel”. Eles rompem os limites entre os mercados evangélico e pop. O antissectarismo torna os evangélicos mais sensíveis a ações sociais, das parcerias com ONGs até uma comunidade funcionando em plena Cracolândia, no centro de São Paulo. “No fundo, nossa proposta é a mesma dos reformadores”, diz o presbiteriano Ricardo Gouveia. “É perceber o cristianismo como algo feito para viver na vida cotidiana, no nosso trabalho, na nossa cidadania, no nosso comportamento ético, e não dentro das quatro paredes de um templo.”
A teologia chama de “cristocêntrico” o movimento empreendido por esses crentes que tentam tirar o cristianismo das mãos da estrutura da igreja – visão conhecida como “eclesiocêntrica” – e devolvê-lo para a imaterialidade das coisas do espírito. É uma versão brasileiramente mais modesta do que a Igreja Católica viveu nos tempos da Reforma Protestante. Desta vez, porém, dirigida para a própria igreja protestante. Depois de tantos desvios, vozes internas levantaram-se para propor uma nova forma de enxergar o mundo. E, como efeito, de ser enxergadas por ele. Nas palavras do pastor Kivitz: “Marx e Freud nos convenceram de que, se alguém tem fé, só pode ser um estúpido infantil que espera que um Papai do Céu possa lhe suprir as carências. Mas hoje gostaríamos de dizer que o cristianismo tem, sim, espaço para contribuir com a construção de uma alternativa para a civilização que está aí. Uma sociedade que todo mundo espera, não apenas aqueles que buscam uma experiência religiosa”.




Revista Época
ED. 638 - 07/08/2010
Os novos evangélicos

sábado, 14 de agosto de 2010

Eu Não Mudei, Eu Evoluì

Cada um de nós com o passar do tempo aprende novas coisas, perde amizades, ganha outras eternas, se frustra com amores mal resolvidos e descobre a esperança em um novo amor!

Passamos por momentos não tão bons assim, sonhos destruídos, alguns que ainda podemos correr atrás e outros que só o tempo apagará.

Momentos em que lutamos com coragem, acreditando sempre na vitória e conseguindo com êxito o que queríamos.

Momentos nos quais aprendemos a pedimos perdão e a perdoar, a esperar e ser feliz com que nos esperou e ter certeza que tudo acabara bem.

E nunca esquecendo: desistir é a palavra que deve ser riscada do vocabulário.

(Retirado da comunidade do orkut "Eu Não Mudei, Eu Evoluì"
Link: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=7848492)

sábado, 17 de julho de 2010



"O cristianismo seria perfeito, se não tivessem os cristãos"

Mahatma Gandhi

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Ladrão que rouba ladrão......

Certo dia um refrão chamou minha atenção.
Dizia assim: “fui no terreno do inimigo e eu tomei tudo o que me roubou”

E ficava perguntando pra mim mesmo: esse tal de inimigo possui algum terreno? E se tem, onde fica? Como se mede o tamanho deste terreno? E lembrei-me do salmista que disse: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude” (Salmo 24). Tudo pertence a Ele, não há nada que não foi criado por Ele. Ele é Senhor de tudo.

A segunda parte do refrão diz: “tomei tudo o que me roubou”.

Jó disse: “O Senhor deu, e o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor.” (Jó 1;21)

Quando eu tenho a convicção de que Deus governa toda a minha vida, entendo que ele governa também as ações que aos meus olhos são boas e também aquelas que aos meus olhos são ruins.
Portanto, é o Senhor que dá, é o Senhor que tira. Não existe espaço para um “terceiro” nesta relação. Se ele é o meu dono, não há espaço para outro.

E quando eu entendo isso, não tenho como questionar, pois tenho certeza de que Ele está no controle e recebo tudo de bom grado.

Agora, se porventura, eu entendo que “tenho o direito” de reivindicar aquilo que considero que foi roubado, e vou ao terreno do inimigo “tomar tudo o que me roubou”, me coloco na posição de ter algo, na posição de quem junta tesouros, na posição de quem considera por demais as coisas desta terra.

Então nosso querido Jó vem e diz: “Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá”. Ou seja, nada temos para ser roubados, e se achamos que temos, então estamos roubando Daquele de que tudo pertence.

Agindo assim, se cumpre não as escrituras, mas aquele velho ditado popular: “ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão”.

Talvez seja esse tipo de perdão que motiva uma multidão de pessoas a ir “no terreno do inimigo e tomar aquilo que foi roubado”

sábado, 10 de julho de 2010

Amor sem abracadabra

Autor: Pablo Massolar

Nem "bala bala macia", nem "siri anda lá na praia", muito menos "abracadabra"... se não tiver Amor serei semelhante ao som chato e solitário de um ferreiro moldando o aço ou o bronze.

E ainda que eu tivesse a capacidade extra-sensorial da cartomante ou do sábio, e conhecesse todas as formas de dobrar as forças da natureza, e ainda que tivesse todo o poder, de maneira tal que manipulasse poções, transportasse os montes e as pessoas apenas pela autoridade dos meus "atos proféticos" ou encantamentos, e não tivesse amor, nada seria. Ainda que eu pensasse ser alguma coisa... Nada seria...

E mesmo que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, vítimas de enchentes e terremotos, etíopes ou animais em extinção e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado vivo, mas fizesse todas estas coisas apenas para ser admirado ou até mesmo para tirar algum proveito, gerar mídia espontânea ou descontos no Imposto de Renda, nada disso me aproveitaria. Continuaria vazio...

O amor não é masoquista, mas é sofredor, é paradoxalmente bondoso quando recebe mal; o amor não é invejoso; o amor não dá as mãos com superficialidade, mas abraça calorosamente, se entrega e não fica de nariz em pé.

Não é a favor do escândalo, nem que sejam os escândalos vingados dos seus inimigos. O amor não se entrega somente por prazer, sem vínculo com a vida. É claro que o amor também está presente no ato sexual de quem e em quem há compromisso selado do tamanho da Vida, vivida em fidelidade. Mas ele, o amor, o verdadeiro amor, não pode ser simplesmente robotizado, embonecado, banalizado eroticamente. Não funciona assim.

Não busca os seus próprios interesses, não se encoleriza dramática e irreversivelmente, não levanta falso testemunho; não se entrega à injustiça, mas luta pela verdade;

Tudo sofre, calado às vezes, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Até o que nos parece mais insensato e digno de vingança é deixado pra lá e perdoado por amor.

O amor nunca falha; nunca mesmo... mesmo que lhe pareça o contrário. Mas havendo prognósticos, bênçãos ou maldições ao futuro, serão desfeitos; havendo línguas angelicais, histéricas e descomprometidas com a verdade, se calarão; havendo conhecimento, qualquer conhecimento, será esquecido;

Porque, em parte, conhecemos, e em parte nos tornamos "poderosos" e até "profetas";

Mas, quando vier Aquele que é perfeito, então o que o é pela metade será deixado de lado.

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino... queria ser bombeiro, astronauta, super-homem, mago, até mesmo bispo e apóstolo... Mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com estas brincadeiras de menino... e preferi ser apenas servo... do Amor.

Porque agora estamos diante de um enigma, ninguém realmente sabe como será o "futuro", alguns desconfiam e palpitam fervorosamente sobre o que seja, tentam acertar ou descobrir como será, mas ninguém realmente sabe com certeza. Então chegará o dia quanto todos nós, pequenos e grandes, O veremos face a face; agora vemos apenas as sombras, mas já está vindo o dia que O conheceremos como se conhece o bom amigo, o amigo a quem contamos as coisas mais íntimas, os segredos mais guardados e nos recebe alegremente em sua casa. O amigo que conhecemos apenas pelo "alô!" ao telefone ou no olhar que esconde nosso segredo confiado em segurança.

Neste momento ainda permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor amado de graça, sem fingimento e sem hipocrisia. O Amor que anda de mãos dadas com a bondade e a misericórdia todos os dias.


O Deus que é Amor te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

(Texto baseado em I Coríntios 13)

* Todos os creditos do texto são de Pablo Massolar
Fonte: http://ovelhamagra.blogspot.com/2010/07/amor-sem-abracadabra.html

terça-feira, 6 de julho de 2010



"Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres todos os dias"

Martinho Lutero

segunda-feira, 5 de julho de 2010



"O único cristão morreu na cruz. Somente a prática cristã, uma vida como aquele que morreu na cruz é cristã" -

Friedrich Nietzsche

domingo, 4 de julho de 2010



"Duas coisas me enchem o ânimo de admiração e respeito: o céu estrelado acima de mim e a lei moral que está em mim".
Immanuel Kant

sábado, 3 de julho de 2010



"Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos, nem mesmo anjos. Estou plenamente satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para o que há de vir."
Martinho Lutero

sábado, 3 de abril de 2010

A descida do Senhor à mansão dos mortos

Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.

Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.

O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exaclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: “O meu Senhor está no meio de nós”. E Cristo respondeu a Adão: "E com teu espírito". E tomando-o pela mão, disse: "Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará.

Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti por aqueles que nascerem de ti, agora digo, que com todo o meu poder, ordeno aos que estava na prisão: 'Sai!'; e aos que jaziam na trevas. 'Vinde para a luz!'; E aos entorpecidos: 'Levantai-vos!'



Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saimos daqui; tu em mim e eu em tui, somos uma só e indivisível pessoa.

Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu Filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci a terra e foi até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixastes o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus, e num jardim crucificado.

Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê na minha face as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, tua beleza corrompida.

Vê minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar dos teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à arvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendes suas mãos para a árvore do paraíso.

Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.

Levante-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso, mas no trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constitui anjos que, como servos, te guardassem, ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus.

Está preparado o trono dos querubins prontos e a postos os mensageiros, construídos o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos, adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o rieno dos céus preparado para ti desde toda a eternidade".

De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo (Retirado da Liturgia da Horas)

Retirado de: http://www.cancaonova.com/portal/canais/especial/quaresma2006/materias.php?local=0&id=9098

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Deus está no controle?

Encontrei essa carta destinada ao pastor Ricardo Gondim no site do mesmo, e resolvi publicá-la aqui no blog.

Prezado Ricardo, boa noite,

Em primeiro lugar, gostaria de ressaltar o fato de que fui ateísta durante 30 anos, e faz apenas e tão somente dois anos e pouco que me tornei cristã, por isso minhas opiniões não são nada ortodoxas. Posso dizer ao senhor que em momento algum, nesses dois anos de vida cristã, percebi que houvesse qualquer relação entre a descrição do Deus dos exércitos, feita pelos hebreus no antigo testamento, e o Deus de Jesus. Nunca me entrou na cabeça, como os cristãos podem considerar que o mesmo Deus de Jesus, patrocinou tantas atrocidades no antigo testamento, sem ver problema algum nisso, sem ver contradição alguma. É ponto pacífico para mim, que muitas coisas que os hebreus fizeram supostamente em nome ou com a ajuda de Deus, nada tiveram a ver com Deus. E boa parte dos relatos sequer aconteceu, e se aconteceu, não foi da forma como está descrito na bíblia. Não tem como juntar o Deus de amor do novo testamento, com o Deus dos exércitos do antigo. Eu não perco meu tempo com esse tipo de malabarismo em defesa do deus tribal dos hebreus. Simplesmente descarto o que é humano demais na bíblia para ter vindo de Deus, e pronto. Sem medo.

Com relação ao assunto: Deus está no controle?

Eu, como cientista, tenho o dever de não buscar explicações sobrenaturais para substituir as explicações naturais que já existem, para fenômenos como terremotos, tsunamis, furacões, ou a evolução biológica. Jamais acreditei em Gênesis literal, por exemplo. Esses fenômenos fazem parte das condições naturais do nosso planeta, o qual possui sistemas todos interligado, e cujo equilíbrio é bastante delicado. Terremotos são naturais, num planeta constituído de uma massa incandescente de rocha, coberta por uma fina camada de rocha solidificada, e ainda por cima dividida em placas que se movem e se atritam entre si (Aliás, o conhecimento que possuo sobre o funcionamento das coisas na natureza, me impede de seguir a linha do design inteligente - as coisas na natureza não são perfeitamente desenhadas). O tsunami, nada mais é do que uma onda gigante, provocada por um terremoto subaquático. Não depende de Deus nem iniciar o processo, nem pará-lo. É apenas algo que naturalmente ocorre ao nosso planeta. A morte é parte da vida, nós mesmos nos alimentamos da morte de outros seres vivos, plantas e animais.

As tragédias também afetam animais e vegetais, eles estão ainda mais expostos a elas do que nós, e muitas vezes nós que somos culpados por elas, eles não. Deus não tem propósito algum com a tragédia, o que pode acontecer, é que durante uma tragédia como essa, pessoas podem ter a oportunidade de se mobilizar e expressar o amor de Deus por quem sofre. E isso não depende de religião. Deus usa quem se disponibiliza a ajudar, quem dá a cara à tapa, quem está lá, presente, solidário, arriscando a própria vida às vezes. Nunca reparou que é mais comum ver pessoas fazendo mal a outras "em nome de Deus"? Nem sempre quem faz o bem, diz que está fazendo isso em nome de Deus; está, mas muitas vezes não tem consciência disso. E os religiosos em geral, muitas vezes usam a oportunidade para vender a igreja a quem está sofrendo. Ajudam, para depois exigir que a pessoa faça parte da igreja, distribuem folhetos para deixar claro que foi tal igreja que ajudou. O vento sopra onde quer, e Deus usa quem quiser, quem estiver disponível.
Quando ocorreram aquelas enchentes terríveis em Santa Catarina, a Ana Paula Valadão soltou uma bobagem sem tamanho em seu blog, dizendo que era castigo de Deus pela depravação da Oktoberfest. E o pior é que houve muitas cabeças, sem cérebro, que concordaram. Catástrofes naturais são apenas isso: catástrofes naturais. Fazem parte do funcionamento do planeta. Sempre aconteceram e sempre vão acontecer, acontecem no Ocidente, no Oriente, independente da religião, independente da crença. Atribuir a Deus qualquer participação ou controle sobre isso, é um erro, no meu ponto de vista. Por exemplo: se somos nós que jogamos lixo nos rios e impermeabilizamos as cidades com concreto e asfalto, Deus tem responsabilidade pela enchente, ou obrigação de fazer a água desaparecer do nada? Ou temos que arcar com as conseqüências do nosso desrespeito ao meio ambiente e ficar debaixo d'água?

Muitas pessoas me criticam pelo meu ceticismo, porque não creio que os milagres descritos no antigo testamento tenham realmente acontecido. Não vejo Deus dando esse tipo de espetáculo milagroso agora, então porque acreditaria que antes Ele os executava a torto e direito? A seca no nordeste? Será que o povo do nordeste não pede chuva pra Deus? Claro que pede. Só que Deus não pode restaurar o clima que nós detonamos. Seria fácil demais, nós fazemos todo tipo de cagada, detonamos com o planeta inteiro, e aí pedimos a Deus que resolva milagrosamente, que restaure o planeta, ou culpamos Deus por não ter evitado a tragédia.

Costumo dizer para as pessoas, que orar pela interrupção do aquecimento global não vai resolver coisa nenhuma. O que vai resolver é agir, tomar atitudes. Colocar mãos a obra e se comprometer de verdade em consumir menos, poluir menos, ter uma vida mais simples, respeitar o planeta que também é com um organismo vivo. Orar vai ajudar a mudar mais a sua mente do que empurrar Deus a fazer alguma coisa. Porque é a nossa mentalidade que precisa ser mudada, não a de Deus.

Acredito também que Deus está em cada pessoa, e que é real essa conexão invisível entre todos os seres humanos. A mente humana ainda possui muitos mistérios a desvendar. Também gosto de dizer que nós somos o corpo de Deus aqui na Terra, somos os braços dEle que estendem a mão a quem está caído, os pés dEle que caminham até quem está precisando de ajuda, o colo que vai consolar alguém que precisa chorar... então cabem a nós as ações que muitas vezes achamos que devem vir dEle, q esperamos que caiam do céu. Alimentar os famintos, dar de beber a quem tem sede, teto a quem não tem onde morar, roupa para quem não tem o que vestir, consolo a quem sofre, compartilhar a vida, a morte.

Colocar um exército para orar pelos famintos, não vai adiantar nada, vai apenas aliviar a consciência de quem acha que está fazendo alguma coisa, sentado no banco da igreja repetindo orações. Seria melhor fazer cada um dos membros desse exército de crentes, além de orar, doar um prato de comida, uma cesta básica. Acredito que o evangelho exige também ação, e que a oração não é para convencer Deus a se mexer, e sim, para mudar a nós mesmos, e nos empurrar a fazer o que é necessário. Orar pelo fim da corrupção no Brasil não vai adiantar, se não fazemos nada contra isso na prática, e se até os crentes que se envolvem com política, são também corruptos, em vez de darem exemplo de integridade. Ungir cidades com óleo e fazer atos proféticos para "entregar cidades a Jesus", não vai adiantar nada, porque seguir Jesus é uma escolha pessoal.

Deus não passa por cima da vontade de ninguém desse jeito. Acredito que se Deus nos ama, somos livres para fazer nossas escolhas, porque não existe amor, sem liberdade. Não posso ser coagida a amar Deus. Mas também ficamos sujeitos às conseqüências das escolhas que fizermos. Não tenho direito de pedir que Ele me cure de um câncer de pulmão, se eu sabia que fumando, corria o risco de ter um câncer. Sim, tem muitas pessoas que nunca fizeram nada para procurar doenças, e morrem de câncer, mas aí é contingência da vida, nosso DNA pode ter falhas que provocam o aparecimento de câncer, nossa comida tem produtos químicos cancerígenos que muitas vezes nem sabemos, o ar que respiramos está cheio de poluentes também cancerígenos.
Deus não tem obrigação de trabalhar em cima de tantas variáveis para evitar que um crente tenha câncer.. Ele não faz isso... pode ajudar a pessoa a lidar com a doença, e se recuperar mais rapidamente, ou simplesmente aceitar a inevitabilidade da morte com mais tranqüilidade, e isso tem comprovação científica. Nosso sistema imunológico é muito influenciado pela nossa atitude mental, e a fé ajuda nesses casos a estimular o sistema imune. Mas nunca, jamais diria a alguém para deixar de se tratar devidamente com médicos e ficar só orando pela cura, como muitos pastores criminosos fazem.

Tempos atrás vi uma campanha para reunir um determinado número de pessoas (era um número gigantesco de pessoas envolvidas) para fazer cópias manuscritas da bíblia, para serem guardadas em museus. Pensei comigo: já pensou se os crentes se mobilizassem dessa forma, para ajudar pessoas necessitadas, em vez de se unir em propósitos inúteis como esse? Um milagre aconteceria. Já pensou se todos esses que se dizem seguidores de Jesus, fizessem o que ele ensinou (amar os inimigos, dar a outra face, cuidar dos órfãos e das viúvas etc.), o tamanho do milagre que aconteceria? Mas ficamos pedindo e esperando intervenção sobrenatural, queremos que Deus faça o que Ele ordenou que NÓS fizéssemos. Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Claro que Ele não faz nossa parte. O amor de Deus é vivo, está em nós e precisa ser movimentado por nós. Se não fazemos nem o que poderíamos estar fazendo, podemos acusar Deus e exigir intervenção sobrenatural?

Auschwitz aconteceu, não porque Deus permitiu que Hitler fizesse o que fez, mas porque as pessoas que deviam ter feito alguma coisa efetiva para impedir, nada fizeram, a não ser quando já era tarde demais. E o próprio Hitler, como consta no Mein Kampf, acreditava estar imbuído de uma missão divina. E agora? E as duas bombas atômicas foram tão criminosas quanto os campos de concentração. Não acredito em guerra santa, não acredito que Deus precisa ser defendido ou protegido de coisa alguma.

Não acredito também que Deus protege sempre mais os crentes do que os outros. Sempre acontecem acidentes nas estradas, com ônibus cheios de crentes, onde muitos deles morrem. Acidentes são acidentes, acontecem com qualquer um. Eu jamais diria, caso fosse a única sobrevivente de um acidente, que foi Deus quem me livrou ou salvou. Não acho que tenha qualquer direito a vida mais do que qualquer outra pessoa, não me considero melhor do que os outros por ser cristã. Não nego que antes de viajar de ônibus, coisa que faço com frequência, costumo orar e pedir a Deus que possamos chegar ao destino com segurança. Não sei dizer com certeza se isso faz alguma diferença, faço, porque de qualquer forma me sinto bem orando desta forma, pedindo por todos os passageiros, sem nem saber quais são cristãos e quais não são. Acredito em oração, acredito que oração pode ajudar as pessoas, além de fazer bem a nós mesmos orar pelos outros, porque tira o foco do nosso próprio umbigo, mas não creio que ela seja capaz de proporcionar mudanças drásticas no mundo físico: fazer chover ou parar de chover, abrir o mar, e coisas assim. A maioria das mudanças teria a ver com trocas de energia, porque a oração é um exercício mental, e o cérebro é um órgão que gasta muita energia, principalmente quando está concentrado em algo.

Eu, como hiperativa que sou, depois que adquiri o hábito de orar antes de dormir, passei a ter noites de sono bem melhores. Orar antes de dormir, de forma silenciosa, me faz bem. E já houve ocasiões inexplicáveis, onde acordei no meio da noite, do nada, e me coloquei a orar por outras pessoas, sem saber nem o motivo. Depois, acabava descobrindo. E acredito que ter um absoluto como Deus, nos faz ter uma relação mais equilibrada com os outros e conosco mesmos. Se creio que Deus habita em mim e em todos os demais, passo a ver os outros e a mim mesma, com outros olhos. E isso realmente acontece, com as pessoas que conseguem entender que Deus é amor. Não são todas. Infelizmente. Mas se Deus tem um propósito para a vida de cada um de nós, esse propósito certamente tem a ver com expressar amor pelas pessoas. Repito sempre também, que cada um tem o Deus que merece. Tem gente que precisa de um Deus malvado e tirano pra andar na linha, tem outras pessoas que são de bom caráter naturalmente, então não conseguem ver Deus dessa forma castigadora e vingativa. E teologias diferentes, muitas vezes são apenas pedaços de um mesmo grande todo, do qual cada um consegue ver só uma parte.

Não costumo orar pedindo coisas a Deus, é mais freqüente orar por necessidades de outros, e usar a oração como um momento de desabafar, falar sobre alegrias, tristezas, raiva, em vez de descontar nos outros, converso com Deus, e fico em paz. Brinco dizendo que em vez de gastar com terapia, ou me estressar brigando com as pessoas, eu oro, e fica tudo bem... = P E já senti aquela paz que "vem do alto", que muitas vezes me impede de gastar energia e ficar doente me preocupando com coisas que não tenho como resolver, que não dependem apenas de mim. De alguma forma, é melhor deixar essas coisas que não se pode controlar, "na mão de Deus", e aceitar os resultados, sejam quais forem, bons ou maus. Ajuda a levar a vida de uma forma bem mais leve, não se conformando com aquelas coisas onde vc pode interferir e atuando nelas ativamente até onde for possível, e abrindo mão do resto, e abrir mão também de se desgastar se preocupando com o resto. Posso dizer por mim, que o hábito de orar só me trouxe benefícios nesse sentido.

Sou fã de Joseph Campbell, acredito que os estudos dele ajudam a ver a religião em seu verdadeiro papel. Recomendo a leitura dos livros dele.

E acho sim que dizer um simples "não sei" seria melhor do que muitas teorias e teologias mirabolantes que vejo por aí. Se me perguntam como foi que Deus se envolveu na evolução biológica, eu não sei e respondo que não sei. Só sei que a evolução biológica acontece, porque a ciência me diz isso. E creio que a fé pode realizar coisas como curas, mas em casos bastante específicos, e pode também ajudar as pessoas a encararem a vida de uma forma mais positiva; assim como ver os outros como imagem de Deus nos torna pessoas mais compassivas, pacientes. Mas tudo necessita ser treinado, exercitado. É uma escolha diária.

Não sei de muita coisa, muito a aprender ainda, mas tenho certeza que nenhuma religião que não leve as pessoas a viverem melhor umas com as outras, consigo mesmas e com o planeta, merece ser considerada verdadeira religião. Porque a essência da religião é "religar" coisas que estavam distantes. E não causar guerras, divisões, brigas teológicas, nada disso vem de Deus. Nenhuma religião que não gere amor e paz e que não leve as pessoas a transformar a realidade, inclusive a social, pode ser considerada verdadeira. Não para mim, pelo menos. O homem é um ser religioso por natureza, mas precisa direcionar isso de forma positiva. Não importa tanto provar se Deus existe ou não, mas sim saber que o homem tem essa necessidade religiosa dentro dele, tem esse lado espiritual que precisa ser bem orientado. E o papel dos líderes religiosos, no caso, é esse, levar as pessoas a expressar essa religiosidade, inerente ao ser humano, de forma positiva, saudável, que gere amor por si mesmas, por Deus, pelo próximo e pelo planeta. E não sentimentos tribais, de "povo escolhido", melhor do que os outros, ou o medo doentio do inferno e do castigo eterno, e também não se tornar massa de manobra pra uma casta sacerdotal se locupletar.

E a religião proposta por Jesus é simples, linda e simples. Nós que complicamos. Não digo que seja fácil executar, não é, mas só tentando, já podemos trazer alguma melhoria para nossas vidas e para a vida das pessoas próximas.

Uma boa noite e um grande abraço!

Andrea

domingo, 31 de janeiro de 2010

A Biblia e a Palavra de Deus

A Bíblia é Palavra de Deus não porque algumas pessoas tenham sido escolhidas por Deus como o instrumento material de uma transmissão mecânica de palavras “físicas” que Deus tenha ditado.

A Bíblia é Palavra de Deus para nós que cremos que Deus escolheu, no curso de muitos séculos, homens (e talvez mulheres) suficientemente religiosos e inteligentes (inspirados) para perceber uma verdadeira manifestação da vontade divina, de seu desejo de guiar a seu povo, a comunidade hebraica, a comunidade de Jesus, os homens de todos os tempos, por um caminho de verdade, de justiça e de santidade, em uma série de acontecimentos e ditos que outros teriam considerado como “banais” e “mundanos”, ou como simples produto da sabedoria humana ou até histeria religiosa.



A Biblia deve ser lida ao longo de seculos. Essa leitura, a partir de situações e necessidades diferentes, poderá levar a colocar determinados acentos em um periodo, e não em outro: acentos morais, politicos, culturais, misticos. Importante é que a reflexão de conjunto da comunidade cristã esteja em condições de perceber em cada momento os elementos que são substanciais e aqueles que são marginais no conjunto do testemunho transmitido e da fé vivida. A leitura e a interpretação da Sagrada Escritura recomeçam a cada época, com cada cultura, com cada individuo e abrem-se sempre para um futuro cada vez mais pleno, que assume e plenifica as interpretações precedentes.


Horacio Simian Yofre - Professor ordinario de Antigo Testamento no Pontificio Instituto Biblico de Roma


Avatar - O filme

Por Francisco Thiago

Sem muitas pretensões, guardei o domingo para dar uma saidinha com a namorada. Nossa opção era o cinema (somos pouco criativos) e os filme candidatos eram dois: 2012 e Avatar. Eu queria 2012 (queria ver o fim do mundo em 3D) ela queria Avatar... Fomos assistir Avatar.Comprei os Ingressos pela Ingresso.com. Apesar da taxa de conveniência, comprar pela internet é a melhor solução para quem não quer pegar fila e garantir o seu ingresso, apesar dos adolescentes tresloucados por "Crepúsculo" ou o próximo blockbuster adolescente. Aconselho!

Enfim, chegamos atrasados (eu estava comendo) mas não o suficiente para não compreender a história (ainda que os traillers já a tenham deixado o "mote" do filme bem claro). O filme é um show para os olhos. James Cameron (que não é uma das Panteras) gastou muito bem cada centavo do filme. O visual é mágico, os seres do planeta Pandora são de uma concepção artística muito bela e curiosa. É interessante notar traços da personalidade - e da aparência, no caso dos "avatares humanos" - pintados nos Na'vi, os nativos de Pandora.

O roteiro também é bem amarrado. Apesar de usar a clássica saga do herói - o cara "nada a ver" que se torna o The Chosen One - o filme está longe de ser piegas ou apelativo. Os detalhes da história estão bem amarrados e nada, no filme, surge do acaso (a não ser uma estação avançada que, ao meu ver, não tinha muita razão de ser). Enfim, o filme é lindo. E daqueles que compensa serem assistidos no Cinema - e em uma sala 3D. A propósito, assista dublado e bem próximo da tela. Não tenha medo da dublagem (que está ótima) e nem medo de ficar com o pescoço dolorido. Pode acreditar, você não vai querer ler legendas quando o monstro pular da tela pra cima de você... E tão pouco ser trazido ao mundo real graças a sua visão periférica.


A história
É inevitável falar que o filme tem sim um fundo ambientalista. Basicamente, os empresários e militares - aqueles malditos - estão querendo, a todo custo, um mineral muito caro que pode ser encontrado em abundância no Planeta Pandora e embaixo da colônia de um clã nativo. É enviado um "cabeça de prego" - o nosso messias - para aprender os costumes e tentar "negociar" uma mudança daqueles Na'vi. No processo, ele acaba aprendendo a filosofia dos Na'vi e se apaixonando. por Neytiri, a filha do chefe do clã. No final das contas, aquele que veio para roubar, matar e destruir, acaba se convertendo ao modo de vida dos Na'vi e os defendendo da maldita raça humana. Clichê. Mas muito bonito.

Referências
As referências - ou Easter Egg's, para os Nerds - estão presentes em toda a história. Detalhe que identifica o espectador e transforma o filme em uma deliciosa descoberta a cada "assistida". Começamos com o nome da raça. O nome Na'vi está bem próximo da palavra hebraica que é utilizada para definir "profeta". E verdadeiramente, eles tem algo para contar. De forma intrigante, eles fazem parte do futuro e do passado que o filme anuncia. Um planeta terra decadente que explora outros planetas e estrupa outras culturas. São seguidores de uma religião (por falta de palavra melhor) que tem Eywa como divindade principal. Segundo sua crença, a energia (vital) é emprestada a todos os seres vivos. E que, ao final da vida, esta energia é devolvida para Eywa. O relascionamento dos Na'vi com os seres vivos do planeta lembra, de certa forma, a filosofia budista e rasta também. A integração entre os seres vivos fica clara nas cenas onde Neytiri mata os cachorros selvagens e na forma como eles se conectam com os animais que montam. Até as longas madeixas tem um "porquê".
O nome do planeta também é uma referência externa interessante ao mito de Pandora. Sabe-se que Pandora portava uma caixa que em hipóteses alguma deveria ser aberta. CLARO que ela abriu e deixou escapar tudo o que havia de mal. Quando ela fechou a caixa, só conseguiu prender o que havia de bom. Seria o planeta Pandora "tudo de bom"?
A forma como os nativos se cumprimentam - Eu vejo dentro de você - de alguma forma me faz lembrar muito da forma Namastê utilizada pelos Indianos e também pelo cumprimento de algumas tribos africanas, que tem o mesmo conceito. O Deus que habita em mim é o mesmo Deus que habita em você. Eu conheço você!

Teria algo de Teologia Liberal neste filme?
É algo difícil de se afirmar, uma vez que o conceito de "Teologia Liberal" está bem gasto e já se cria um "senso comum" a respeito do termo. No entanto, ligações entre o que se chama de teologia liberal hoje são plausíveis.
A crença dos Na'vi - onde Eywa recebe de volta toda a energia utilizada pelos seres viventes - se encaixa muito com os conceitos criacionistas mais recentes.
Os cientistas que estão investigando o planeta Pandora, descobrem uma ligação entre todos os seres. Como se fosse um sistema neural muito sofisticado, todo o planeta estaria interligado através dessa rede. Os humanos e os outros animais se ligam a essa rede através de terminais presentes em seus cabelos. Eles se ligam a Eywa quando querem. Dessa forma, Eywa está em tudo e em todos. Seria isso uma sombra do PanEnTeísmo?
Uma última e forte observação. No final do filme, ao pé da Árvore sagrada, acontece um ritual onde Jake Sully - o "messias cabeça de prego" - é transportado de modo definitivo para o seu avatar. Creio que a ligação é clara. Jake Sully está se convertendo em um Na'vi. Ao passar definitivamente para o corpo do seu Avatar ele transforma-se numa nova criatura de fato. A transformação e o discipulado dos Na'vi acaba sendo melhor que o de muitas igrejas, já que Jake Sully não é motivado a fazer o que faz por conta de leis e proibições. Ele faz por conta da sua própria consciência.
Pra sorte dele, os Na'vi não acreditam em jugo desigual. Deu pra ele conhecer a Neyriti no sentido bíblico da coisa.

Palavra final
Assistam ao filme. E depois me contem o que acharam!

Abraços do Amado

*Imagens extraídas do site Cinema em Casa e de pesquisa no Google Imagens.

Fonte: http://projeto5.blogspot.com/2009/12/avatar.html

Reflexão: Não quero mais ser evangélico!!!!

** Excelente texto. Embora um pouco antigo, mas não desatualizado. Autoria do Pr. Ariovaldo Ramos**

'Irmãos, uni-vos! Pastores evangélicos criam sindicato e cobram direitos trabalhistas das Igrejas'. Esse, o título da matéria, chocante, publicada pela revista Veja de 9 de junho de 1999 anunciando formação do 'Sindicato dos Pastores Evangélicos no Brasil'.

Foi a gota d'água! Ao ler a matéria acima finalmente me dei conta de que o termo 'evangélico' perdeu, por completo, seu conteúdo original. Ser evangélico, pelo menos no Brasil, não significa mais ser praticante e pregador do Evangelho (Boas Novas) de Jesus Cristo, mas, a condição de membro de um segmento do Cristianismo, com cada vez menor relacionamento histórico com a Reforma Protestante - o segmento mais complicado, controverso, dividido e contraditório do Cristianismo. O significado de ser pastor evangélico, então, é melhor nem falar, para não incorrer no risco de ser grosseiro.

Não quero mais ser evangélico! Quero voltar para Jesus Cristo, para a boa notícia que Ele é e ensinou. Voltemos a ser adoradores do Pai porque, segundo Jesus, são estes os que o Pai procura e, não, por mão de obra especializada ou por 'profissionais da fé'. Voltemos à consciência de que o Caminho, a Verdade e a Vida é uma Pessoa e não um corpo de doutrinas e/ou tradições, nascidas da tentativa de dissecarmos Deus; de que, estar no caminho, conhecer a verdade e desfrutar a vida é relacionar-se intensamente com essa Pessoa: Jesus de Nazaré, o Cristo, o Filho do Deus vivo. Quero os dogmas que nascem desse encontro: uma leitura bíblica que nos faça ver Jesus Cristo e não uma leitura bibliólatra. Não quero a espiritualidade que se sustenta em prodígios, no mínimo discutíveis, e sim, a que se manifesta no caráter.

Chega dessa 'diabose'! Voltemos à graça, à centralidade da cruz, onde tudo foi consumado. Voltemos à consciência de que fomos achados por Ele, que começou em cada filho Seu algo que vai completar: voltemos às orações e jejuns, não como fruto de obrigação ou moeda de troca, mas, como namoro apaixonado com o Ser amado da alma resgatada.

Voltemos ao amor, à convicção de que ser cristão é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos: voltemos aos irmãos, não como membros de um sindicato, de um clube, ou de uma sociedade anônima, mas, como membros do corpo de Cristo. Quero relacionar-me com eles como as crianças relacionam-se com os que as alimentam - em profundo amor e senso de dependência: quero voltar a ser guardião de meu irmão e não seu juiz. Voltemos ao amor que agasalha no frio, assiste na dor, dessedenta na sede, alimenta na fome, que reparte, que não usa o pronome 'meu', mas, o pronome 'nosso'.

Para que os títulos: 'pastor', 'reverendo', 'bispo', 'apóstolo', o que eles significam, se todos são sacerdotes? Quero voltar a ser leigo! Para que o clericalismo? Voltemos, ao sermos servos uns dos outros aos dons do corpo que correm soltos e dão o tom litúrgico da reunião dos santos; ao, 'onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu lá estarei' de Mateus 18.20. Que o culto seja do povo e não dos dirigentes - chega de show! Voltemos aos presbíteros e diáconos, não como títulos, mas, como função: os que, sob unção da igreja local, cuidam da ministração da Palavra, da vida de oração da comunidade e para que ninguém tenha necessidade, seja material, espiritual ou social. Chega de ministérios megalômanos onde o povo de Deus é mão de obra ou massa de manobra!

Para que os templos, o institucionalismo, o denominacionalismo? Voltemos às catacumbas, à igreja local. Por que o pulpitocentrismo? Voltemos ao 'instruí-vos uns aos outros' (Cl 3. 16).

Por que a pressão pelo crescimento? Jesus Cristo não nos ordenou a sermos uma Igreja que cresce, mas, uma Igreja que aparece: 'Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. '(Mt 5.16). Vamos anunciar com nossa vida, serviço e palavras 'todo o Evangelho ao homem... a todos os homens'. Deixemos o crescimento para o Espírito Santo que 'acrescenta dia a dia os que haverão de ser salvos', sem adulterar a mensagem.

Fonte: Publicado em 23 de junho de 2003 no site da Rede Sepal, de autoria do Pastor Ariovaldo Ramos.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Perto de Deus - Cidade Negra

Yeah!
Me dê sua mão agora
Sair por aí
E ver o mundo afora
Sonhar, chegar...

Não quero
Dizer tudo que eu sinto
E o que eu vivi
A vida
Tá sendo boa agora
Cantar, chegar...

Perto de Deus

Yeah!
Me dê sua mão agora
Cantei, senti
Que a vida tá lá fora
Cantar, voar...

Eu tive as chances
Que uma vida
Pode dar pra alguém
Cantei
Assim senti
Que fui muito mais além
Chegar, ficar...

Perto de Deus

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Analfabetos bíblicos

Se existe uma coisa que eu gostaria que acontecesse neste Brasil seria uma perseguição religiosa, com a proibição de se abrirem igrejas pentecostais, ou melhor, peStecostais, pois estas têm explorado a população mais pobre do país, a qual, em busca de milagres, tem lotado os galpões e catedrais, onde essas igrejas fazem suas espúrias reuniões, pregando um falso evangelho. Elas começam funcionando em galpões alugados e, pouco tempo depois, com a extorsão dos dízimos e ofertas, tornam-se proprietárias de edifícios enormes, ao mesmo tempo em que os seus fundadores se locupletam do dinheiro dos pobres, o qual é enviado aos bancos internacionais. E os infelizes enganados pelos seus ardis religiosos vão ficando cada dia mais pobres, aguardando os milagres prometidos, pois os falsos pastores sempre usam a desculpa de que o crente “não recebeu o milagre porque sua fé não foi suficiente”.

No caso de uma perseguição religiosa, com o fechamento dessas igrejas, os cristãos iriam se reunir em locais discretos, sem barulho algum e sem extorsão contra os membros, com uma permissão oficial, como acontece em alguns países, onde o verdadeiro Cristianismo tem florescido de maneira extraordinária. O Cristianismo do primeiro século floresceu exatamente porque foi perseguido e quem ao mesmo se filiou era realmente um crente que amava Jesus Cristo e desejava crescer na graça e conhecimento de Sua Palavra Santa.

Hoje em dia, a maioria das pessoas corre para uma igreja pentecostal - como as igrejas da IURD, do R. R. Soares, as do “apóstolo” Waldomiro Santiago, e outras imitações baratas, em busca de poder e milagres. Por isso esses jacarés espirituais, aproveitando a ignorância secular e bíblica dos seus membros, exploram-nos à vontade, vendendo promessas e milagres, que nunca se realizam. E como “a esperança é a última que morre”, as vítimas desses mentirosos continuam enchendo os gazofilácios de suas “sinagogas”, esperando algo de bom, que jamais vai acontecer...

Um desses meliantes do Evangelho, o “apóstolo” Waldomiro Santiago, vende CDs, lenços ungidos e, tendo visto a prosperidade do negócio embasado na ignorância dos seus frequentadores, agora está vendendo também água da torneira, engarrafada em potinhos plásticos, garantindo que se trata de água ungida de poder, para curar todos os males e dar prosperidade financeira. Mas o que se poderia esperar de um “apóstolo”, que exige 30% de dízimo de suas vítimas?

Segundo as notícias da mídia, esses falsos bispos e apóstolos têm por hábito abrir igrejas sem alvará, não pagando os aluguéis em dia e, quando a fiscalização aperta, eles fecham a igreja “perseguida” e procuram outro bairro da cidade grande, onde abrem outra igreja, levando suas vítimas para lá e ganhando novas vítimas para o seu escuso negócio religioso.

Antigamente, eu costumava escrever contra os erros e heresias do Catolicismo Romano. Mas depois de ter começado a investigar os crimes praticados pelos falsos pastores “evangélicos”, resolvi deixar o papa de lado e me voltar para esses espertalhões, que são bem piores. O Catolicismo Romano prega a idolatria de imagens, rosário, água benta, etc., mas é menos ganancioso e tem mais classe do que essa religião que nada tem de evangélica, sendo realmente kakangélica, pois prega um falso evangelho e explora os que acreditam nas lorotas dos seus fundadores.

E quem achar que estou arrependida por ter abandonado o Catolicismo e me tornando protestante, fique sabendo que eu não me converti a uma religião, mas a Jesus Cristo, lendo a BÍBLIA; por isso não corro o menor risco de voltar à religião do papa.

O segredo da expansão do chamado “evangelho da fé/prosperidade” é que os espertos pregadores prometem curas e milagres, aproveitando as passagens bíblicas que dão a falsa impressão de que eles estão pregando a verdade e, desse modo, vão enganando os pobres brasileiros, que estão sempre à espera de algo melhor que possa acontecer em suas vidas.

Os pregadores pentecostais e “avivados” gostam de pregar o Velho Testamento, no qual Deus promete riqueza aos judeus obedientes à Lei de Moisés e, usando a falsa teologia católica dominionista de que “Israel foi extinta para sempre e que a Igreja é a nova Israel de Deus”, eles vão prometendo mundos e fundos aos cristãos, apropriando-se indevidamente das promessas divinas escritas (e entregues) exclusivamente para os judeus, na próxima dispensação judaica, a segunda (verdadeira) dispensação pentecostal.

Muitos pentecas fanáticos (e também católicos papistas) costumam me escrever com injúrias, criticando meus artigos. Mas para toda essa gente iludida por sofismas religiosos, tenho a uma boa lixeira, onde sempre caem os e-mails indigestos, que nem me dou ao trabalho de ler, além da primeira linha (os primeiros) e nem sequer uma palavra, a partir dos seguintes, pois não tenho tempo a perder com esses analfabetos bíblicos!

Mary Schultze

Fonte: http://www.maryschultze.com/news.php?readmore=172