sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Um bate-papo com C.S. Lewis

Por Daniel Grubba

Resolvi trocar umas idéias com C.S. Lewis (1898 – 1963). É isso mesmo. Estou curioso para saber o que este gigante da fé cristã pensa sobre Teologia e espiritualidade.


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Provavelmente você deve estar achando muito estranho alguém em 2009 entrevistar o “mais relutantes dos convertidos”* postumamente, não é mesmo? Você deve estar se perguntando: Será que o Daniel consultou o espírito de Lewis através da necromancia?

Na verdade queridos leitores, eu elaborei as perguntas, e as palavras registradas em dois de seus livros me responderam com exatidão (Cristianismo puro e simples, p.203-206 e na última pergunta consultei Peso de gloria, p. 61,62). Foi deste modo, bem simples.

* Devo lhes dizer que todas as respostas de Lewis foram retiradas integralmente dos livros citados, sem qualquer tipo de acréscimo ou recurso literário de minha parte.

****Bate-papo com Lewis****

Porque você resolveu falar sobre Teologia em plena 2º guerra mundial para o leitor comum?

Todos me aconselharam a não lhes dizer o que vou dizer (...) Afirmam: “O leitor comum não quer saber de Teologia; dê-lhes somente a religião simples e prática.” Rejeitei o conselho. Não acho que o leitor comum seja um tolo.

Você realmente acredita que Teologia é importante para o leitor comum? E como você define Teologia?


Teologia significa “a Ciência de Deus”, e creio que todo homem que pensa sobre Deus gostaria de ter sobre ele a noção mais clara e mais precisa possível. Vocês não são crianças: porque, então, lhes tratar como tal?

Lewis, nós estudantes, ouvimos exaustivamente que Teologia é “letra que mata”, desnecessária para o crescimento saudável da fé, e que o mais importante é a experiência real com Deus. Você também acredita que as experiências com Deus são suficientes e muito mais proveitosas?


Em certo sentido, até compreendo por que algumas pessoas se sentem desconsertadas ou até incomodadas pela Teologia. Lembro-me de certa ocasião em que dava uma palestra para os pilotos da R.A.F. e um oficial velho e rijo levantou-se e disse: “Nada disso tem serventia para mim. Mas saiba que também sou um homem religioso. Sei que existe um Deus. Sozinho no deserto, a noite, já senti a presença dele: o tremendo mistério. Para qualquer um que tenha conhecido a realidade, todos eles (doutrina, dogmas e fórmulas) parecem mesquinhos, pedantes e irreais”. Ora, num certo sentido, até concordo com esse homem.

Quer dizer que o senhor concorda com o que este oficial lhe disse? Explique-nos melhor.

Creio que ele provavelmente teve uma experiência real com Deus no deserto. Quando se voltou da experiência para a doutrina cristã, acho que realmente passou de algo real para algo menos real. Da mesma maneira, um homem que já viu o Atlântico da praia e depois olha um mapa do Atlântico também está trocando a cosia real pela menos real: troca as ondas de verdade por um pedaço de papel colorido.

Bom Lewis, se for assim então, qual é a necessidade de estudarmos Teologia? Quem em sã consciência irá trocar as ondas de verdade (experiência real), por um pedaço de papel colorido (Teologia)?

Mas é exatamente essa a questão. Admito que o mapa (Teologia) não passa de uma folha de papel colorido.

****Intervalo para o chá****


Em off para Lewis: nós o convidamos para nos ajudar a defender a importância da Teologia. O senhor não percebe que está nos constrangendo publicamente? Deveríamos ter chamado Francis Schaeffer. Você precisa se esforçar para nos explicar melhor seu ponto de vista como um teólogo que já vendeu mais de 200 milhões de livros em mais de 30 línguas diferentes.

****Retomando a entrevista****

O senhor pode nos explicar melhor o que você quer dizer quando se refere a Teologia como um mapa colorido de papel?


O mapa não passa de uma folha de papel. Mas há duas coisas que devemos lembrar a seu respeito. Em primeiro lugar, ele se baseia nas experiências de centenas ou milhares de pessoas que navegaram pelas águas do verdadeiro oceano. Dessa forma, tem por trás de si uma massa de informações tão reais quanto se pode ter da beira da praia; com a diferença que, enquanto a sua (experiência) é um único relance, o mapa abarca e colige todas as experiências de diversas pessoas. Em segundo lugar, se você quer ir para algum lugar, o mapa é absolutamente necessário.

O que é então mais importante de acordo com seu ponto de vista: experiência ou teologia?


Enquanto você se contentar com caminhadas à beira da praia, seus vislumbres serão mais divertidos que o exame do mapa; mas o mapa será de mais valia que uma caminhada pela praia se você quiser ir para um lugar distante. A teologia é como um mapa. O simples ato de aprender e pensar sobre doutrinas cristãs, é sem dúvida menos real e menos instigante que o tipo de experiência que meu amigo teve no deserto. As doutrinas não são Deus, são como um mapa. Esse mapa, porem, é baseado nas experiências de centenas de pessoas que realmente tiveram contato com Deus (...) Além disso se você quiser progredir, precisará desse mapa.

Parece-nos que o senhor está afirmando que para o verdadeiro progresso na fé, o indispensável é o mapa e não a experiência. É isso mesmo?

Note que o que aconteceu com aquele homem no deserto pode ter isso real e certamente foi emocionante, mas não deu em nada. Não levou a lugar nenhum. Não há nada que possamos fazer.

Porque então é que as pessoas superlotam os lugares que prometem experiências concretas com Deus; e nossas escolas dominicais e reuniões de estudos bíblicos, estão sempre vazias?

Na verdade, é justamente por isso que uma religiosidade vaga – sentir Deus na natureza e assim por diante – é tão atraente. Ela é toda baseada em sensações e não dá trabalho algum: é como mirar as ondas da praia.

Isto não quer dizer que as experiências não sejam importantes, não é mesmo? Acontece Lewis, que tem uns teólogos por ai que colocam Jesus na Torre de Marfim das academias filosóficas e desejam aniquilar a possibilidade do contato pessoal com o divino.

Também não chegaremos a lugar algum, se ficar examinando os mapas sem fazer-se ao mar. E, se fizer-se ao mar sem um mapa, não estará seguro.

É muito importante ressaltar isso que o senhor acabou de falar. Tanto o mergulho no mar, quanto o mapa são importantes. Assim como você, também somos a favor deste equilíbrio. No entanto Lewis parece-nos que hoje em dia, somente a experiência tem valor. Sofremos muito preconceito por dedicarmos nosso tempo ao estudo teológico. Qual é, portanto, a importância da Teologia hoje em dia?

A Teologia é uma questão pratica, especialmente hoje em dia. No passado, quando havia menos instrução formal e menos discussões, talvez fosse possível passar com algumas poucas idéias simples sobre Deus. Hoje não é mais assim. Todo mundo lê, todo mundo presta atenção a discussões. Consequentemente, se você não der atenção à Teologia, isso não significa que não terá idéia alguma sobre Deus. Significa que terá, isto sim, uma porção de idéias erradas – idéias más, confusas, obsoletas.

Poxa Lewis. É exatamente isto que tem acontecido no Brasil. A falta da Teologia está levando a igreja a adotar idéias e praticas absolutamente estranhas a Revelação bíblica. O que você tem a dizer para estes que são os responsáveis por introduzir elementos anômalos ao seio da igreja evangélica nacional?

A imensa maioria das idéias que são disseminadas como novidades hoje em dia são as que os verdadeiros teólogos testaram vários séculos atrás e rejeitaram.

O que podemos fazer? Você acha importante o ministério apologético?

Ser ignorantes e simples agora - não estar aptos para enfrentar os inimigos em seu próprio campo - seria abrir mão de nossas armas e trair nossos irmãos sem formação acadêmica, que, abaixo de Deus, não ter nenhuma defesa contra os ataques intelectuais dos pagãos, a não ser a defesa que lhes podemos oferecer. (O peso de gloria, p. 61-62)

Obrigado Lewis, o senhor tem nos ajudado bastante em nosso crescimento espiritual.


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Fonte: http://www.pulpitocristao.com/2009/08/um-bate-papo-com-cs-lewis.html

Autor: Esse texto é de autoria de Daniel Grubba, editor do Soli Deo Gloria
Não deixe de acessar: http://dlgrubba.blogspot.com/

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

C.S. Lewis

"Antes de me tornar cristão, acho que eu não entendia completamente o fato inevitável de que a vida de alguém, depois da conversão, consistir em fazer a maior parte das mesmas coisas que fazia antes, agora com o novo espírito – espera-se -, mas ainda as mesmas coisas. [...]

A exigência divina é infinita e inexorável. Podemos recusá-la ou podemos começar tentar cumpri-la. Não há meio termo. Contudo, apesar disso, é claro que o Cristianismo não exclui nenhuma das atividades humanas ordinárias. O apóstolo Paulo manda que seus leitores continuem cumprindo as suas tarefas. Ele até presume que os cristãos vão a festas e, além do mais, festas pagãs. Nosso Senhor vai a uma festa de casamento e oferece um vinho miraculoso. [...]

Todas as nossas atividades meramente naturais serão aceitas se forem oferecidas a Deus, mesmo as mais humildes, e todas elas, mesmo as mais nobres, serão pecaminosas se não forem oferecidas a Deus. [...]

Não existe nenhum conflito essencial entre a vida espiritual e as atividades humanas como tais. Desse modo, a onipresença da obediência a Deus na vida cristã é, de certa forma, análoga á onipresença de Deus no espaço. Deus não preenche o espaço como um corpo o preenche, no sentido de que partes dele estejam em diferentes partes do espaço, excluindo outros objetos desse espaço. Contudo, Ele está em toda parte – totalmente presente em todos os pontos do espaço – de acordo com os bons teólogos."

LEWIS, C.S. O peso de Glória. São Paulo: Editora Vida, 2008.p.55,57,58.

sábado, 7 de novembro de 2009

Os pecados capitais dos pastores evangélicos

1. - Soberba - O que tem de pastor soberbo por aí, só mesmo vendo para acreditar. Muitos deles se acham melhores e mais santos do que os outros, sem atentar ao fato de que foram salvos exclusivamente pela GRAÇA e MISERICÓRDIA de Deus, sem que nada merecessem, a não ser condenação e inferno. Que eles jamais se considerem melhores do que os crentes e incrédulos, devendo amá-los, respeitá-los, pregar-lhes o Evangelho bíblico e orar por eles, a fim de provar que realmente os amam. Vamos ler Romanos 14:10: “Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo”; 14:12: “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus”.

2. - Avareza - Este é o pecado mais encontrado nos “pentecapastors”, os quais fazem da avareza (que é idolatria) o seu pecado especial. Eles pregam o Evangelho não por amor às almas perdidas, mas visando lucros financeiros, para encher suas contas bancárias e construir templos suntuosos, a fim de mostrar aos seus confrades que sua igreja é MAIOR e MAIS BONITA do que a deles. O fenômeno (católico/pagão) do crescimento de igrejas começou nos Estados Unidos e tem se espalhado por todo o Ocidente, onde o clero se tornou mundano e avarento, em busca de fama, riqueza e poder eclesiástico (Lucas 12:15; Colossenses 3:5; 2 Pedro 2:3, etc.). Essa febre foi espalhada por um herege/budista dono de uma mega-igreja, o coreano David Yongi Cho. Ela infectou os americanos e, hoje em dia, alguns homens como Rick Warren e Robert Schüller exibem mega-igrejas com milhares de “convencidos” da salvação (Mateus 7:21-23). E os macacos nacionais seguem atrás deles...

3. - Luxúria - Antigamente os pastores evangélicos se destacavam pela sua honestidade e fidelidade no leito conjugal e no lar, “governando bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia”, conforme o mandamento da I Timóteo 3:4. Hoje os escândalos envolvendo pastores famosos explodem em todos os países, à medida que cresce o número de mega-igrejas. Muitos pastores que ficam famosos na TV são logo tentados por alguma ovelha sedenta de atenção e carinho e acabam caindo no pecado da luxúria, no adultério e até mesmo no homossexualismo. (1 Coríntios 6:18; 10:8; Gálatas 6:19; Apocalipse 21:8, etc.)

4. - Ira - Este é um pecado muito comum nos “pentecapastors“ e nos “avivados”, quando os gazofilácios de suas igrejas não ficam recheados de notas, após os cultos em que eles pregam, desavergonhadamente, Malaquias 3. Eles sempre exigem dízimos e ofertas (com até cheques pré-datados) das ovelhas incautas, as quais, acreditando em receber bênçãos à custa de sua generosidade, vão dando o que têm e o que não têm a esses “ministros do anjo de luz”, que desonram a igreja do Senhor (Efésios 4:26; Tiago 1:19; Mateus 5:22, etc.).

5. - Gula - Este é um dos pecados mais acariciados pelos pastores modernos. Quem já ouviu algum pastor pregar contra o grave pecado da GULA? Eu nunca ouvi. Eles ficam exigindo que suas ovelhas jejuem, mas eles mesmos comem tanto que acabam ficando gordos e flácidos, pelo excesso de arroz, feijão, macarrão, maionese, farofa, carne, doces, etc. Meu marido (um Químico alemão especialista em alimentos) costumava dizer que cada 10 gramas de alimento ingerido - além do que o organismo carece - se transforma em gordura, sobrecarregando o fígado e, nesse caso, engordando o pastor guloso, afetando-lhe a saúde e tornando-o preguiçoso no desempenho dos seus deveres eclesiásticos. É difícil encontrar um pastor que não seja obeso, pois enquanto esses “anjos da igreja” pregam nos púlpitos, muitas vezes estão ansiando pelo término do culto, a fim de irem para casa e encherem seus ventres de carboidratos, gordura e doces (Gálatas 5:21).

6. - Inveja - O que existe de pastor invejoso por aí nem se pode contar. Eles têm inveja dos incrédulos, quando os vêm enchendo as casas lotéricas em busca de fortuna fácil. Invejam-nos, quando os vêem diante de uma garrafa de cerveja nos bares, e também quando os vêem acompanhados de alguma mulher bonita e elegante, usando maquilagem e adereços da moda, pois muitos têm esposas mal amanhadas, principalmente aqueles “pentecas”, em cujas denominações as mulheres têm de usar saias e cabelos compridos, a fim de mostrarem uma piedade que nunca possuem (Tiago 4:2).

7. - Preguiça - Existe uma classe mais preguiçosa do que a dos pastores evangélicos? Primeiro, não exercem um emprego secular com a desculpa de se dedicarem exclusivamente ao “serviço de Deus” e aos assuntos da igreja. Contudo, esses mandriões dormem até altas horas do dia, ficam horas perdidas diante dos aparelhos de TV, ou fofocando com os confrades, e quase não lêem a Bíblia, a não ser em busca de alguns versos (em geral do Velho Testamento), para os transformarem numa pregação medíocre. Segundo, dificilmente esses pastores visitam uma ovelha carente ou enferma e nunca ajudam suas esposas nos afazeres domésticos, pois, em geral, são machistas demais e suas esposas se matam de trabalhar, em casa e na igreja, se não tiverem uma boa empregada (Provérbios 6:9; 15:19; Isaías 56:10, etc.).

Bem, meus leitores, mostrei apenas os pecados capitais da classe pastoral. Mas existem dezenas de outros pecados cometidos pelos pastores folgados e, a quem quiser descobri-los, aconselho a leitura do Livro de Provérbios e das Epístolas de Paulo, para depois comparar o desempenho do “anjo” de sua igreja e ver como ele se comporta em relação aos ensinos da Palavra de Deus.

Além desses pecados capitais, alguns desses “ungidos do Senhor” costumam praticar outros, como: mentira, covardia, ciúme, facção, bajulação... e por aí a fora.

Alguém vai ler estas “mal traçadas” críticas e se indagar: “Mary não tem medo de ser excluída da igreja por causa desse artigo?” Respondo: Primeiro, acredito piamente na 2 Timóteo 1:7. Segundo, o pastor da igreja que eu freqüento não se enquadra em nenhum desses pecados capitais, pois é um bom pai de família, é humilde, não é ambicioso, não é guloso, é um estudioso da Palavra, é um bom pregador e vive lendo muitos autores evangélicos. Por isso ele vai ler este artigo, vai esboçar um sorriso maroto e pensar: “Essa velhinha é louca de pedra!” E não tomará qualquer atitude contra mim, porque sempre fica na dele, até mesmo quando lhe faço alguma crítica direta e contundente! Por isso é que eu o respeito muito!

Mary Schultze, Primeira Igreja Batista de Teresópolis, RJ.
Fonte: http://www.maryschultze.com/news.php?readmore=135